Os cabeças-de-lista pelo círculo do Porto do PS, PSD, PCP e BE prometeram, esta tarde, lutar pelo avanço da regionalização na próxima legislatura, com os dois primeiros partidos a assumir o compromisso de relançar a ideia de uma comissão eventual no Parlamento. Já o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Carlos Lage, lamentou que o programa do PS não vá mais longe nesta matéria.
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No Porto, na sede da CCDR do Norte, Carlos Lage reuniu com os cabeças-de-lista Francisco Assis (PS), Aguiar-Branco (PSD), Honório Novo (PCP) e João Semedo (BE) para discutir os problemas da região e as soluções a adoptar. No encontro, estiveram também candidatos de outros distritos do Norte e não só. O maior consenso testemunhado por vários participantes e por Carlos Lage foi em torno da regionalização.
Os candidatos pelo Porto presentes da reunião comprometeram-se a tudo fazer para que aquela reforma administrativa avance. Francisco Assis e Aguiar-Branco assumiram, particularmente, o compromisso de recolocar em cima da mesa a criação de uma comissão eventual para discutir, preparar e lançar o processo, logo após as eleições de 5 de Junho. Por sua vez, Honório Novo e João Semedo acusaram os dois maiores partidos de prometer em todos os actos eleitorais a regionalização mas de, na prática, obstaculizar esta reforma.
"Cada vez que PS e PSD falam da regionalização, é para atrasar o processo", acusou João Semedo, cabeça-de-lista do BE pelo Porto. Em seguida, Francisco Assis, primeiro candidato do PS, disse aos jornalistas existir um consenso sobre a necessidade de se avançar para este processo com "ponderação". "Estamos empenhados no sentido de relançar a discussão", garantiu. E será o próximo Parlamento "a equacionar o relançamento da comissão eventual", explicou ainda.
O social-democrata Aguiar-Branco comentou a proposta do seu partido para a criação de uma região-piloto, afirmando a necessidade de se avançar de "forma gradual".
Por sua vez, o candidato comunista Honório Novo diz que o importante, mais do que manifestações de vontade, é saber "por que emperra e onde emperra" a regionalização. "Perguntem aos partidos pelos quais muitos se candidatam porque, de facto, depois boicotam, paralisam" ou mesmo "enterram a regionalização", disse o cabeça-de-lista do PCP, aconselhando-os a deixarem-se de "hipocrisias, falsos consensos e manifestações individuais". Ao PS, pergunta por que "riscou do seu programa a ideia da regionalização".
Regiões até 2013
O programa socialista, apesar de incluir aquela reforma administrativa, não é suficiente para Carlos Lage, socialista que lidera a CCDR do Norte. Questionado pelo JN sobre se desejaria que o compromisso fosse mais explícito no programa, respondeu de forma inequívoca. "Gostava, claramente", disse Lage, explicando que este é um dos "distanciamentos" que tem face à política do seu partido. "A regionalização foi sempre considerada inoportuna. Então quando é oportuna?", questionou o presidente da CCDR.
Um documento aprovado pela Comissão Permanente do Conselho Regional do Norte inclui um apelo aos partidos políticos para que criem "as condições de consenso político que permitam a instituição em concreto das regiões antes do início do próximo período de programação de fundos comunitários". Ou seja, até 2013.