"Empurraram-me". É assim que Cecília Barbosa justifica ser a cabeça de lista da CDU à Câmara de Mortágua nas próximas eleições autárquicas. Aos 87 anos de idade, é a candidata mais idosa do país a entrar na corrida eleitoral de 29 de setembro.
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O PCP já perdeu a expressão de outros tempos, com representação na Assembleia Municipal. "Agora já não, mas eu decidi candidatar-me porque ninguém queria ser cabeça de lista. Eu não podia deixar que a CDU não concorresse, ao contrário do que sempre aconteceu", justifica a professora reformada, militante do PCP.
É cabeça de lista, mas não conta ser eleita, ainda que gostasse de ajudar muito os idosos e os mais jovens.
Os 87 anos não a assustam. "Sou intemporal e é preciso aprender a ser velha ", responde. "Sempre tive muita genica e vontade de ajudar", esclarece. Assume-se como pessoa simples e como candidata que não gosta de falar mal de ninguém. Muito menos do atual presidente da câmara, do PS, Afonso Abrantes, impedido de se recandidatar devido à limitação de mandatos. "Afonso Abrantes é um pessoa muito interessada e mudou Mortágua, fez muito pelo concelho e tem feito coisas extraordinárias. Sei que nem devia dizer isto, mas digo porque sou assim. Não sou sectária", afirma.
Ainda não começou a fazer a campanha eleitoral, mas todos os dias vai ao centro da vila de Mortágua no seu velho Citröen 2 CV.
Sabe que chegará a hora em que tem de fazer discursos políticos, aos quais torce o nariz. "Eu gosto muito de falar, mas é de improviso e sem encenações". E acena com a cabeça quando pensa no estado do país. "O Governo tem procurado prejudicar os trabalhadores e os jovens tiram os cursos e ficam sem trabalho. A luta é sempre contra os trabalhadores, contra a função pública e contra os reformados", lamenta.
"Os jovens estão afastados da política, temos que fazer força para que as coisas mudem", conclui a candidata solteira e sem filhos, bem disposta e que ainda viaja pelo Mundo.