<p>Nem as salmonelas nem o frio foram suficientes para afastar os festivaleiros do Coura. Só mesmo ao fim da tarde de ontem, quarta-feira, após caírem os primeiros pingos de chuva, é que o rio passou a correr só.</p>
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Foi noticiado no início da passada semana; ontem, foi repetido e, logo à entrada da praia fluvial do Tabuão, estava lá, bem claro, o aviso: "Água interdita a banhos". O motivo: salmonelas. Todavia, pela hora do almoço, ou, melhor, pela hora de acordar de grande parte, dezenas chapinavam nas águas do Coura. O sol raiava e o calor era abrasador. Tudo o que servisse para arrefecer era bem vindo, já que as poucas sombras estavam há muito ocupadas.
Enquanto que os recém-chegados desciam o "quebra-costas de Coura" - os 200 metros de estrada que ligam a entrada do recinto à praia fluvial e que têm uma inclinação de fazer inveja a muitas chegadas alpinas da Volta à França - carregados com mochilas, sacos-cama e tendas, quem já cá estava ocupava a tarde como podia.
Desde ficar pacatamente deitado na relva a conversar, tocar viola, jogar cartas ou a soprar bolinhas de sabão até actividades mais físicas como jogar voleibol, futebol ou futevólei. Na praia do Tabuão, fazia-se de tudo um pouco para combater o ócio.
Um grupo de cinco jovens revezava-se a mergulhar do trampolim de madeira que, apesar do aspecto frágil, há muito anos faz parte do imaginário de Paredes de Coura. "Somos de Évora e estamos habituados a tomar banho no Alqueva, por isso, as salmonelas daqui não metem medo", explicou Luís Fonseca. "Já estamos vacinados", diz, entre sorrisos, José Parreira. "Mais do que as salmonelas, o problema é a água estar bem fria", completa.
No entanto, nem todos se atreveram. Vasco Rocha, de Vila Nova de Gaia, é um deles. "Não vale a pena correr o risco de apanhar salmonelas", diz, enquanto joga mais uma mão de póquer com os amigos. Do mesmo grupo, Sara confessa, meio envergonhada, que já mergulhou. "A água ainda não está boa?", pergunta, preocupada. "Um segurança disse-me que sim, por isso, não pensei mais no assunto", justifica. Agora, diz que já não volta a entrar no rio.
Entretanto, nuvens cinzentas cobriram a pacata vila e, entre olhares apreensivos para o céu, temia-se o pior. Não foi preciso esperar muito. Ao final da tarde, caíram os primeiros pingos de chuva e foi a debandada geral da praia fluvial para o acampamento.
Seguiram-se alguns momentos de acalmia meteorológica, mas, ainda antes de a noite chegar, a chuva voltou a cair, desta vez com mais intensidade. No entanto, a boa disposição não foi afectada. Afinal, estamos em Paredes de Coura.,