Desenvolvimento centralizado deixou esquecidas as áreas limítrofes do concelho.
Corpo do artigo
O crescimento muito centralizado criou assimetrias graves no concelho, diz a oposição, que acusa o Executivo de ter perdido poder de influência. O presidente responde com os 26% de novos habitantes ganhos em oito anos.
"O concelho estagnou", diz secamente Álvaro Braga Júnior, candidato do CDS-PP, partido que, nas últimas autárquicas apoiou o actual presidente e que, agora, desiludido, concorre sozinho. "Parou completamente no tempo e estagnou", corrobora Mário Gouveia, do Partido Socialista.
Segundo Braga Júnior, o pior é que a Câmara também perdeu influência junto da Autoridade Metropolitana e do poder central e, com isso, "perdeu grandes obras, que mancham o concelho pela sua ausência", exemplificando com a segunda linha de metro, o novo tribunal e o hospital que seria construído numa parceria privada. Acrescenta ainda a segurança. "Matosinhos tem um carro-patrulha para cada freguesia. O centro da Maia tem apenas um carro-patrulha para três freguesias e 50 mil pessoas. É inaceitável!", exclama.
Todos os candidatos da Oposição contestam o modelo de crescimento do concelho que, dizem, prejudicou as freguesias limítrofes. "A Maia é um concelho muito desequilibrado do ponto de vista do desenvolvimento urbanístico e de infra-estruturas de apoio social, sendo um dos concelhos com maior défice de rede de pré-escolar", afirma Silvestre Pereira, candidato do Bloco de Esquerda. Pelo CDS/PP, Braga Júnior considera que este executivo é "muito preocupado com o centro, mas esquece as freguesias mais viradas para a agricultura".
António Neto, da CDU, fala da necessidade de "harmonizar as políticas urbanas". "Faltam meios de transporte e redes viárias, tanto do interior para a sede do concelho e entre as várias freguesias", pormenoriza. Mário Gouveia acrescenta que "pessoas de certas freguesias, como Milheirós, ao fim-de-semana, estão impedidas de sair, pela falta de transportes". "A Maia tem, no centro, o metro e autocarros para o Porto. Fora isso, não há nada", revolta-se Silvestre Pereira.
A CDU e o PS dizem que faltou investimento na habitação social. "A habitação social foi completamente esquecida nos últimos quatro anos, nem a construção de nova, nem o restauro da existente", afirma o candidato socialista.
Outro dos problemas apontados pelos candidatos da Oposição é o excessivo endividamento da autarquia, que rondará os 88 milhões de euros. "As finanças da Câmara inviabilizam qualquer tipo de investimentos estruturados. A solução passa por gastar melhor os dinheiros públicos e arranjar soluções em conjunto", recomenda Silvestre Varela. António Neto defende, por sua vez, uma auditoria externa para, depois, definir quais as prioridades políticas e onde gastar o dinheiro.
O presidente da Câmara reconhece debilidades ,"como em todos os outros concelhos", mas refere que, ali, "são em menor grau". "Enquanto o desemprego sobe a nível nacional, aqui desce", refere Bragança Fernandes. "Aliás, segundo o Instituto Nacional de Estatística, fomos o concelho da zona Norte que mais cresceu em termos de população: 26%, entre 2000 e 2008. As pessoas procuram-nos porque temos qualidade de vida", concluiu o edil.
"A Maia ainda tem qualidade de vida, mas as pessoas começam a sentir que podem perder essa qualidade de vida e ter cada vez mais o efeito de 'dormitório' que nunca esteve subjacente à sua concepção", contrapõe Álvaro Braga Júnior.