É possível ser melhor do que a primeira vez. É sempre. Nick Cave fintou o tempo, não tem 54 anos, tem os anos que tinha em Birthday Party, é Elvis sem nunca ter morrido nem perdido a forma, é um lobo e uiva, é descarga eléctrica, é upgrade dos Bad Seeds para os Grinderman e é reivenção pessoal, mas Nick Cave é sempre Nick Cave.
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Continua a escrever sobre as mesmas coisas, álcool e drogas, maridos e mulheres, sobre demónios e sobre o amor. Já não é só o pregador; é o homem que viveu e diz como é. Não cantou Palaces of Montezuma e não podemos perdoá-lo por isso, mas com uma só canção Cave seria capaz de reduzir a cinzas os 30 seconds to Mars, que quase não tocaram e a nós tanto nos fez.
Antes já tínhamos subido à montanha mágica dos Fleet Foxes. E uma parte de nós não precisaria de ter ouvido mais nada. O mais certo é que essa parte de nós ainda lá esteja, naquele território de candura sem prazo de validade, capaz de suspender o tempo, adormecer os sentidos e fazer-nos acreditar que é possível sentir tudo outra vez.