Celeste Russa (seria ruça, mas ganhou o toque moscovita dos dois esses) vende fartas mariscadas do outro lado da rua, mas foi ao largo dito da má língua, em Buarcos (Figueira da Foz), dançar com Paulo Portas, o rei da sardinha assada à borla, para quem aparecesse. E assim prossegue a campanha do CDS, a fugir da chuva.
Corpo do artigo
Pois que a dita Celeste é mais um daqueles exemplos de quem, nestas eleições troca o PSD pelo CDS. Por que era do PSD? Na parede do restaurante dela, montado sobre o areal, uma foto com o menino des estimação, que já foi presidente da Câmara por aqueles lados, não deixa dúvidas. E a própria Celeste desfá-las, quando se refere a Paulo Portas: "É dos políticos mais sérios que há em Portugal. É ele e o meu Santana!...".
Sempre sob ameaça da chuva, que acabou por cair forte e por roubar ao programa uma arruada à beira-mar, junto à interminável praia figueirense, a sardinhada deu um toque mais popular à campanha dos populares, que não usam muito esse rótulo, preferindo o "centristas" dos primórdios do partido. Até porque, embora o "centrista" venha de "Centro Democrático Social", desloca-os um pouco da direita onde sempre existiram, facilitando o que tem sido nota dominante nesta campanha, a busca de votos em praticamente todo o espectro partidário.
Também por aí se pode explicar a insistência de Portas no "social", escolhido como tónica para as intervenções políticas deste domingo, especialmente no apoio aos idosos, que o presidente do partido vê como os mais desfavorecidos, manifestando oposição ao congelamento das pensões mais baixas.
E não só. O próprio percurso político de Paulo Portas, que foi da JSD quando jovem, serve para piscar o olho a sociais-democratas que o abordam, descontentes com o rumo tomado pelo partido que sempre foi deles. Como faz Portas? Apela ao mito: "Quando o Sá Carneiro era vivo, eu gostava era do Sá Carneiro".