O último debate televisivo entre os candidatos ao Porto acentuou a clivagem entre Rui Rio e Elisa Ferreira.
Corpo do artigo
Facto marcante foi a acusação de que a comissão de honra de Elisa integra promotores imobiliários envolvidos na polémica do Parque da Cidade.
A abrir o último debate entre os candidatos à presidência da Câmara do Porto, Rio apresentou prioridades para um novo mandato. "Reabilitação social, mas também do parque escolar e da Baixa", afirmou. "A competitividade e o emprego, a par da ciência e do turismo", foram outras áreas indentificadas.
Elisa falou, depois, da relação de Rio com o F. C. Porto. "Nunca Rui Rio aproveitou tanto o futebol. Assistiu-se ao fenómeno do homem que mordeu o cão. O efeito surpresa. Toda a gente diz: que coragem! Passou a ser protagonista nacional", comentou, em tom crítico. "Eu defendo uma relação institucional, sem hostilidades. Seja o F. C. Porto, o Boavista ou o Salgueiros", garantiu. Outros dossiês mereceram críticas. "O Corte Inglés foi para Gaia. A Mota Engil saiu da cidade. Deixou sair tudo", enumerou. Prosseguindo, deu a imagem do donut, já evocada na campanha. "O Porto está a definhar. Está tipo um donut. Gaia, Matosinhos e Maia captam investimento. O TEP foi para Gaia, o Fitei saiu. Isto para para não falar da lei da rolha, na Cultura. A minha solução é funcionar em rede, com a Universidade, por exemplo. Também explorar as marcas do vinho e do Douro", disse.
A resposta de Rio surgiu de imediato. "Elisa tem um discurso esotérico. Em concreto, vou fazer o quê? Na ciência, com os centros de excelência, o Porto pode ser uma cidade de congressos. A remodelação do Palácio de Cristal é para isso. No turismo, o que foi feito com o Palácio do Freixo e o que está em curso no Mercado Ferreira Borges são casos concretos", apontou. "Proponho transformar a APOR num organismo para captar investimento. O Porto não é um donut. Todos os dias vêm milhares de pessoas para o Porto, sendo verdade que há menos pessoas cá a dormir", explicou.
Rui Sá, o candidato da CDU, disse ser necessário "construir habitações a preços mais baixos". Quanto à "competitividade, o aeroporto e o terminal de turismo, em Leixões, devem ser incrementados", referiu.
João Teixeira Lopes, do Bloco de Esquerda, prometeu, enquanto vereador, abrir as assembleias municipais a mais pessoas, mudando-as para a Biblioteca Almeida Garrett. Noutro ponto, acusou Poças Martins, da Águas do Porto, de ganhar mais do que o presidente da República: 128 mil euros/ano. Rio explicou que o administrador manteve o salário auferido na Águas Douro e Paiva. Também disse que Poças garante ao município uma poupança de quatro milhões de euros/ano e mais bandeiras azuis.
Na solução para o Parque da Cidade também divergem Rio e Elisa. Rio falou num acordo de 43 milhões de euros e lamentou que os agentes imobiliários façam parte da Comissão de Honra do PS. Elisa entende que 50 milhões de euros é uma "solução muito cara". Não gostou da observação de Rio acerca da Comissão de Honra e salientou que "as pessoas são livres de se associarem" a qualquer movimento. Mas, tal como Rio, também Rui Sá desaprovou a sua inclusão.
Quanto ao Bairro do Aleixo, Rio repetiu que "cinco torres são para destruir" e que "os habitantes serão realojados noutras zonas". O espaço, depois vazio, estará destinado a outro tipo de habitações. Elisa discordou, considerando que primeiro devem ser combatidos os problemas da droga e criminalidade. "Só depois e se os estudos o demonstrarem", é que poderá avançar para a destruição dos prédios. Rui Sá não se opôs à demolição das torres, mas atalhou que os seus habitantes devem ser realojados no mesmo bairro.
João Valente Pinto, pelo PCTP/MRPP, afirmou que a solução não passa pela demolição, mas pela recuperação do bairro.
Candidatos chegaram sem holofotes nem apoiantes
As portas da Câmara Municipal do Porto estavam abertas para receber os cinco candidatos para o último debate da campanha. Dentro do edifício já se encontrava, desde cedo, o actual presidente da autarquia portuense, e candidato pelo PSD/PP, Rui Rio.
Os outros foram chegando em passo acelerado, porque as horas na televisão são para cumprir.
Primeiro chegou João Teixeira Lopes, do BE, que com um ar sorridente disse que iria aproveitar esta oportunidade "para confrontar Rui Rio. É o que estou a fazer em todos os centésimos de segundo desta campanha eleitoral".
Pouco depois chegou João Pinto, candidato do PCTP-MRPP, afirmando tratar-se de um debate "decisivo, em que cada um dará o seu melhor".
A candidata do PS, Elisa Ferreira, não quis entrar em polémica, preferindo não voltar ao assunto dos debates a dois, dizendo apenas que "esta será a oportunidade de em canal aberto se discutir as propostas que cada um tem para o Porto".
Quase em cima da hora chegou o candidato da CDU, Rui Sá, que disse esperar do debate: "Ganhar".