<p>A dívida da Câmara, superior a 70 milhões de euros, à banca e a fornecedores marca a campanha eleitoral. Há um encargo mensal de 300 mil euros, relativo a um empréstimo de 45 milhões de euros em 2005, para 20 anos.</p>
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O imbróglio à volta da concessão da rede pública de água e saneamento, à espera da decisão do Tribunal Arbitral, por a Câmara ter rescindido unilateralmente o contrato com a empresa concessionária "Águas do Marco, SA", está presente, também, nas eleições autárquicas de Marco de Canaveses, em que são cinco os candidatos na corrida eleitoral.
Entre os cinco candidatos esgrimam-se argumentos sobre um concelho habitado por 55 mil pessoas, numa área de 202 quilómetros quadrados, onde se distribuem 31 freguesias. Extenso territorialmente, Marco de Canaveses ainda revela uma baixa taxa de cobertura de água e saneamento. Aliás, tem ainda freguesias onde nem sequer existe água potável.
A nível cultural, os índices de iliteracia merecerem cuidados redobrados e exigem forte combate ao abandono e insucesso escolar, num concelho que revela uma acentuada vitalidade demográfica, com a população a aumentar 8,9% entre 1991 e 2001, muitos dos quais jovens: 21,5% da população tem menos de 14 anos e só 11,2% da população temmais de 65 anos.
Apesar de novas acessibilidades terem encurtado distâncias entre municípios vizinhos, o principal eixo viário que liga a cidade do Marco a Alpendurada reclama um olhar mais atento.
Nos últimos quatro anos, Manuel Moreira esteve à frente da Câmara. O autarca, que se recandidata pelo PSD, garante ter-se esforçado por colmatar a "asfixia financeira" em que o concelho se encontra, fruto da acção do executivo anterior. "O concelho está hipotecado para uma geração", alega, referindo-se a um encargo mensal de 300 mil euros por dívidas à banca (um empréstimo de cerca de 45 milhões de euros, por vinte anos, contraído em 2005).
"Quando decidi candidatar-me à minha terra natal quis trazer a liberdade e fazer desta terra um Marco sem medo. Iniciámos um caminho de mudança política com respeito cívico, caminho que não pode ser interrompido", sublinha Manuel Moreira.
O candidato do PS, Artur Melo, nutricionista, de 49 anos, crê que a principal prioridade é "introduzir uma nova forma de fazer política no Marco de Canaveses". "O Marco está parado e a Câmara revelou-se longe dos cidadãos. Preconizo uma Câmara aberta e próxima das pessoas porque é necessário ouvir as pessoas", afirma.
"Acabar com o clima de medo que foi instaurado no Marco de Canaveses" é também para Norberto Soares o principal desafio. Nesse sentido, o candidato independente afirma: "Queremos devolver aos marcuenses o respeito e dignidade que merecem. Estamos cheios de caciques".
Avelino Ferreira Torres aponta o dedo a uma "Câmara despesista que recorre sistematicamente ao discurso da tanga". "É urgente um discurso positivo que traga uma nova dinâmica ao Marco para cativar investidores. A Câmara pode ser pobre, desde que o concelho seja rico", diz o ex-autarca, que concorre como independente.
Já António Varela acusa Ferreira Torres de ter deixado o Marco "em estado de catástrofe e de tratar os munícipes abaixo de cão". "A nossa proposta política é de ruptura com este estado das coisas", afirma. Sobre a situação financeira, o candidato da CDU garante que a Câmara está tecnicamente falida, mesmo com as renegociações das dívidas".