<p>António Costa e Santana Lopes disputam taco-a-taco as eleições para liderança da Câmara da capital. O primeiro pede maioria, para "não ter os pés e as mãos atadas". O segundo para "governar a cidade com mais eficácia". </p>
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Aos pedidos de maioria absoluta repetidos por Costa e Santana na recta final da campanha, CDU e do Bloco respondem com confiança nos resultados eleitorais e no "bom senso" dos lisboetas, acreditando que os eleitores não vão correr esse risco.
Para o comunista Ruben de Carvalho - que promete dar prioridade à reabilitação, aos bairros municipais e ao equilíbrio das contas da Câmara - tanto o PS como o PSD levaram "a cidade para um beco de saída difícil" e a opção é "mais do mesmo ou uma arrancada para um novo ciclo".
Luís Fazenda, por sua vez, defende que só o BE estará em condições de fazer a diferença. Para o bloquista, a Direita já demonstrou ser um "desastre", sublinhando que a gestão intercalada de António Costa cometeu o pecado da cedência aos interesses privados. Entre as prioridades do Bloco está a fusão de empresas municipais e um plano especial de reabilitação apoiado pelo poder central.
Enquanto o socialista António Costa promete mais ciclovias e menos carros, mais zonas verdes e melhor ambiente, o candidato social-democrata já fez saber que, se ganhar, a Avenida Ribeira das Naus voltará a ter duas faixas de trânsito em cada sentido, com um túnel no eixo central.
Santana Lopes promete obras nos bairros e diz acreditar que, se tivesse continuado à frente do município, a cidade já tinha uma Feira Popular e o Parque Mayer já estaria a funcionar como uma "Broadway" à portuguesa.
Luís Fazenda acusa ambos de fazerem "propaganda política" com o Parque Mayer, lembrando que mais não fizeram do que deitar dinheiro à rua. Ruben de Carvalho concorda. E afirma mesmo que espera ver revertida a "ruinosa" permuta de terrenos (com os da Feira Popular), acrescentando que, caso tal venha a acontecer, o caminho é a expropriação por "manifesto interesse público".
Se há temas que unem os candidatos, como a reabilitação ou a aposta nos transportes públicos, outros deixam Costa isolado. É o caso do aeroporto, da expansão do terminal de contentores ou da forma como a Sociedade Frente Tejo está a operar na frente ribeirinha, em "secretismo", à margem da opinião dos lisboetas e da Câmara, de acordo com os críticos.
Só o socialista defende que a manutenção da Portela não tem viabilidade económica para coexistir com outro aeroporto. "Lisboa precisa de um novo aeroporto, por motivos económicos, turísticos e até de segurança, para não falar do incómodo do ruído", diz, prometendo construir um novo "pulmão verde" na Portela.
Ao contrário, Ruben de Carvalho entende que o aeroporto não deve ser desactivado. Mas, se tal vier a acontecer, propõe que nos terrenos sejam criados "clusters de alta tecnologia, geradores de emprego e desenvolvimento".
Luís Fazenda, defende uma desactivação progressiva e "lenta" da Portela, enquanto Santana Lopes sugere que se mantenha para voos de curta e média duração.
Mais duras são as críticas a Costa na questão dos contentores de Alcântara. Santana Lopes assegura que, se for eleito, vai renegociar o contrato de concessão, sob pena de a cidade de transformar numa "balbúrdia". Ruben e Fazenda acrescentam que o contrato entre o Estado e a Liscont é "ruinoso" e "prejudicial".
António Costa defende-se das críticas garantindo que tentará impor condições para minimizar os impactes, entre os quais a construção de uma praça na gera marítima de Alcântara e o desnivelamento da linha ferroviária.