No último dia de campanha, chegou a mobilização. Elisa Ferreira parece ter deixado o melhor para o fim e, esta manhã, a candidata à Câmara do Porto percorreu o Mercado do Bolhão, prometendo recuperar e modernizar o espaço, entre apelos de vendedores. No final, foi mesmo levada em ombros e atirou flores do primeiro andar da sede campanha, em frente ao mercado.
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“Elisa vai ganhar e o Bolhão não vai fechar!”, gritavam as apoiantes que entupiam os estreitos corredores entre as bancas. Teixeira dos Santos, cabeça de lista à Assembleia Municipal, e a atleta Rosa Mota ajudaram a abrir caminho para a comitiva, onde estavam elementos da equipa e eleitos socialistas. Se as bandeiras do PS, erguidas por vendedoras entusiastas, continuavam a ser poucas (sete), desta vez os gritos pelo partido “rosa” faziam ouvir-se entre os populares.
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Os abraços, as festas e os beijos a Elisa Ferreira é que não faltaram. E, com os bombos a servir de banda sonora, a candidata foi distribuindo a promessa de defender o futuro do mercado. “Elisa amiga, o povo está contigo!”, era uma das mensagens de fundo, com vários elementos da comitiva aos saltos por entre os andaimes montados no interior do Bolhão. “O Porto tem que mudar, está a morrer”, apelava, a certo ponto, Teixeira dos Santos, notando que aquilo que a cidade “pode dar ao país é muito”.E passou para a poesia: “O Porto é, como diz Rui Veloso, um milhafre ferido na asa. É importante que volte a voar”, disse o candidato.
A cada passo, alguém oferecia flores a Elisa Ferreira. Uma delas era de plástico. Uma rosa como a cor do PS, explicava a comerciante. “Esta não vai morrer, vai durar sempre”, justificava. Pouco depois, chegavam os elogios. “Ontem, gostei de ouvi-la. O outro queria ir embora a meio do debate, porque as verdades custam a engolir...”.
“A senhora teve aquilo que ele não teve. Teve-os no sítio...”, disse outra vendedora do Bolhão, referindo-se a Rui Rio, enquanto uma cliente do mercado chorava preocupada com a degradação do Bairro Rainha D. Leonor.
A dada altura, Teixeira dos Santos cantava “eu tenho duas rosas”, apesar de ter três consigo: a flor que trazia na mão, a Rosa Mota e a do Aleixo. Por sua vez, Elisa Ferreira pedia repetidamente às pessoas para levarem “muita gente a votar”.
Seguindo caminho, com o cheiro a tripas a crescer à medida que se aproximava a hora do almoço, a candidata chegou às bancas do peixe. “Elisa é fixe”, gritava a comitiva, retomando o antigo slogan de Mário Soares. No andar de cima, estava uma mulher do primeiro cartaz da candidata: Aurora Couto, de 69 anos, que vota em Gaia, “senão votaria na Elisa”. Antónia Ferreira, de 76 anos, outro rosto do mesmo cartaz, vota em Gondomar, mas “os filhos no Porto”. Ao JN, a comerciante de legumes lembrou que Elisa “era pequena e vinha ao mercado fazer compras com a mãe”.
Quase no final, Elisa explicou, ao JN, o que pretende para o mercado. “Fazer o que já devia ter sido feito há oito anos”, disse, recordando o projecto que remonta ao tempo de Fernando Gomes para o espaço. E que, em seu entender, “não tem qualquer dificuldade técnica”. Acusando Rio de, desde então, ter votado o Bolhão “ao abandono”, prometeu um mercado de frescos “modernizado”, com mais condições de “higiene” e para os próprios comerciantes. Isto aliando “outras valências”, como é o caso dos produtos biológicos, do artesanato, da vertente cultural, ou dos restaurantes e cafés. “É o que se faz desde Paris, a Londres e Barcelona”, defendeu, argumentando que apostar no espaço servirá, também, para criar emprego e “revitalizar a Baixa”. “É um projecto simples, não tem complexidade”, rematou, alertando que “quanto mais tempo estiver o mercado a cair aos bocados, mais cara ficará a requalificação”. Além disso, defendeu “uma brigada de fiscais da Câmara para identificar todos os edifícios em risco” da cidade.
Já no exterior, Elisa foi levada em ombros, no momento mais popular da sua campanha, ao longo da qual a candidata esteve menos acompanhada e sem participação do PS. No fim, foi à janela da sede e atirou as flores que foi juntando no mercado. “Vamos todos mobilizar os amigos, os conhecidos, os vizinhos, por uma alternativa no Porto”, pediu, gritando palavras como “fraternidade e liberdade”.