No final da passada semana, na praia do Taboão, em Paredes de Coura, a montagem do recinto do festival fazia-se a um ritmo pausado.
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Duas dúzias de homens davam os acabamentos no palco e na tenda VIP. Três jardineiros retocavam os arbustos. A equipa do Politécnico de Viana testava a rede de Internet. Faltavam poucos dias para o festival, mas os trabalhos estavam adiantados e o calor era muito. As equipas sabem o que têm a fazer e bastava fazê-lo à velocidade de cruzeiro para que hoje tudo estivesse pronto para os primeiros concertos. Porém, não é fácil.
Ao todo, entre 300 e 400 pessoas, de modo faseado, contribuem para levantar Paredes de Coura. Durante o mês e meio que demora a montagem do festival, passam por ali carpinteiros, eletricistas, informáticos, jardineiros, bombeiros, seguranças e outros trabalhadores.
Quase todos são dali, da terra. Sentem que o festival é seu e, por isso, trabalham com afinco e carinho. Não admitem críticas vindas de fora. "Achas que eu não sei? Fui um dos que começaram com isto, pá", é como responde um dos jardineiros ao conselho para cortar mais relva.
Ali, quase todos se conhecem ou não fosse esta a 20.ª edição do festival. É já uma autêntica família que uma vez por ano se reúne para celebrar o seu amor à música e a Paredes de Coura. Um ritual que dá trabalho, mas do qual já não se imaginam a abdicar.
Este é o 17.O Paredes de Coura de Lino Machado. A primeira vez veio com o seu programa da Rádio Universitária do Minho. Hoje, com 40 anos, é "site coordinator" do festival, o responsável por tudo o que se passa desde o primeiro dia de montagem ao último de desmontagem. "A minha tarefa passa pela organização e pela antecipação de problemas", explica. Diz que neste ano "as coisas até estão adiantadas". Mas está tão habituado aos habituais percalços destes eventos que já sabe que, por muito bem planeada que seja, esta semana será de pouco sono e muito trabalho. Não importa. "Isto custa, mas gosto e sou muito feliz no que faço."