Música pop foi o que mais se ouviu na última noite do Festival Sudoeste.Lily Allen deu um concerto sem qualquer folclore, e provou que as boas canções pop valem por si mesmas.
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A mais recente sensação da música pop inglesa entrou em palco com um remix de “Everyone’s at It” e com um sintetizador na mão, com que foi pontuando a música.
Com uma postura simpática em palco, Lily Allen desfiou um rol de canções pop bem construídas que, por si só, garantem um bom concerto.
Cantou os singles que o público esperava ouvir e cujas letras sabia. “I Could Say”, “22”, “LDN” ou “Fuck you” deixaram a plateia visivelmente satisfeita. Muitos assistiram sentados na relva que resta no recinto, atentos à actuação, que durou uma hora e não teve direito a encore. A escolha acertada para fechar o festival, que se despediu ao som da electrónica contagiante dos Basement Jaxx.
Amy Macdonald, que se estreou em 2007 com o disco "This is Life", e com o single homónimo a fazer furor nas rádios, entrou em palco de vestido com lantejoulas e guitarra em punho, para um conjunto de canções pop, folk, da qual o single de sucesso foi a que teve maior adesão.
Marcelo D2 chegou ao Sudoeste com "Arte do Barulho", o novo disco, e foi literalmente isso que fez em palco. Este hip-hop de travo a samba e bossa nova tem muitos fãs em Portugal, que mostraram ter na ponta da língua algumas das suas músicas, apesar de o rápido debitar de palavras do músico brasileiro. A criatividade de D2, que aproveitou um interlúdio para samplar "Sunday Bloody Sunday", dos U2, "Seven Nation Army" dos White Stripes e "Sweet Dreams", dos Eurythmics, com uns passos em homenagem a Michael Jackson à mistura, conquistou o Sudoeste.
A abrir o palco principal na última noite do festival, que teve uma média de 35 mil pessoas por noite no recinto, esteve Gomo, com "excelente música pop para celebrar o Verão", tal como o cantor definiu. Com "Nosy", o novo disco, para apresentar ao público, Gomo não deixou de tocar "Feeling Alive", a música que muito rodou nas rádios portuguesas .
No dia anterior, tinha-se assistido ao maior concerto do festival. Recebidos com uma enorme ovação, foi assim que os Faith No More entraram em palco no sábado, o dia que vai ficar na memória desta 13ª edição do Sudoeste.
Mike Patton, Mike Bordin, Roddy Bottum, Bill Gould e Jon Hudson subiram ao palco de fato, tal como a solenidade da ocasião exigia, e entoaram a romântica "Reunited" (uma cover de Peaches&Herb), com Patton, o vocalista, a cantar com um charme dandy de bengala na mão.
A este momento, que surpreendeu os que têm estado menos atentos ao "Second Coming" da banda, seguiu-se "Land of Sunshine", com Patton a trocar a bengala pelo megafone e a soltar as gargalhadas maléficas que pontuam este sucesso do disco "Angel Dust", de 1992.
Patton foi um autêntico animal de palco, para gáudio dos milhares de fãs que se encontravam no recinto, extravasando uma vertiginosa energia que esteve demasiados anos contida. Com algum conhecimento da língua lusa, Patton cantou "Evidence" em português e dedicou-a ao craque da bola Cristiano Ronaldo.
Os Faith No More deram o concerto que o Sudoeste precisava para justificar que este ainda é um festival de música. "Joke", "Easy" ou "Midlife Crisis" foram entoadas pelo público de todas as idades que se encontrava no recinto.
No final, e depois de dois encores, o ar extenuado e extasiado do público, de troncos desnudados e corpos suados e poeirentos, era a prova do grande espectáculo que os Faith No More tinham dado.