O tempo por ali passa devagar. Muito. Mas não será por isso que os eleitores das freguesias de Gontim e Felgueiras, no concelho de Fafe, vão eleger a sua Junta de Freguesia uma semana após terem votado para os órgãos municipais.
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É que estas duas freguesias têm menos de 150 eleitores e, por isso, a eleição da Junta realiza-se apenas dia 18, pelas 10 horas. E em plenário. O sufrágio é simples: os eleitores reúnem-se em plenário, quem quiser apresenta-se como candidato e, depois, atribuem-se símbolos às candidaturas, que não as siglas partidárias. Pode ser, por exemplo, o perfil de um carro ou de uma mota. A votação decorre até terem votado todos os presentes na sala. Após a contagem, a lista vencedora toma posse.
"Já estamos habituados a votar em dias diferentes", afirmou Manuel Salgueiro, 77 anos, alguns deles na presidência do plenário que elege a Junta. "Antigamente, eram dez pessoas em cada casa; mas, agora, só estão os velhos e muitas delas estão vazias. Se quem se candidatar tiver uma família grande, pode ganhar com mais facilidade", observou. Alheado das lutas políticas, este reformado aproveita para reivindicar a obra que lhe parece fazer mais falta à freguesia. "Deviam alcatroar a estrada para Luílhas. De táxi para Braga, andaríamos menos 10 quilómetros", disse. A freguesia nem café tem: "Não há com quem jogar às cartas ou ao dominó. Para tomarmos café, temos de sair da freguesia e, às sextas, passa uma carrinha de mercearia, porque nem isso há", lamenta.
Na freguesia vizinha de Felgueiras, o cenário é idêntico. Não há café, a carrinha da mercearia é semanal e a política não integra as preocupações quotidianas. "Isso para mim é como estar com o nariz sujo a pingar: tanto cai para a direita como para a esquerda", compara Joaquim Castro, agricultor que, por estes dias, tem outras consumições. "O que me preocupa é a falta de chuva, porque dentro de dias não temos o que dar ao gado. Agora a política… isso não é para a gente". Preocupação que terá acabado hoje... Quanto às eleições para a Junta, Joaquim é prático e até gosta que o sufrágio seja mais tardio. "Até dá jeito, porque assim podemos votar no partido que ganhou a Câmara. Caso contrário, não "mamamos" nada".