Candidato da CDU denunciou negociações da Câmara para privatizar os dois cemitérios municipais.
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Contra "o fundamentalismo e a obsessão privatizadora", Rui Sá esteve ontem junto à Torre dos Clérigos para dizer que esta só não foi entregue aos privados porque não pertence à Câmara. E denunciou negociações para privatizar os cemitérios.
"Felizmente que a Torre dos Clérigos não é da Câmara do Porto", desabafou o candidato comunista, reproduzindo as palavras da faixa que a CDU colocou no monumento. No passeio e com os sinos a servir de banda sonora para a iniciativa, o actual vereador contrapôs que, se fosse propriedade municipal, "Rui Rio já tinha aberto um concurso para saber quem quer explorar a Torre dos Clérigos". "Não sei se para escalada ou pára-quedismo, mas para dar lucro certamente", garantiu.
"Em quatro anos, sempre que tinha um problema, a solução era privatizar", prosseguiu, alertando que Rui Rio, "se ganhar as eleições e tiver maioria absoluta", avançará com novas privatizações, nos dois cemitérios municipais, de Agramonte e Prado do Repouso.
"Sabemos que há negociações para transformar este negócio de morte num negócio para privados", denunciou Rui Sá, especificando que o objectivo das conversas "com a empresa Servilusa" é entregar-lhe a gestão dos dois cemitérios. E, neste âmbito, considera que o aumento das taxas já é uma forma de "tornar o negócio mais apetecível".
O autarca garantiu que a CDU não tem "preconceito contra a iniciativa privada". E defende "parcerias público-privadas para recuperar alguns espaços". Mas é contra "o fundamentalismo e a obsessão privatizadora" de Rio, segundo a qual "o que é público é mau e o que é privado é bom". Um dia, ironizou, "ainda ouviremos o presidente da Câmara a propor que, em vez de serem eleitos os vereadores pela população, passe a ser nomeado um conselho de Administração qualquer", por "um poder supramunicipal".
Como exemplos da tal "obsessão privatizadora", Rui Sá indicou a Pousada do Freixo, os mercados do Bolhão, do Bom Sucesso e de Ferreira Borges, a Praça de Lisboa e o Rivoli. E alertou que a intenção de Rui Rio é "privatizar a totalidade da limpeza", o que já acontece a 50%.