O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou hoje, terça-feira, que custos de produção elevados, nomeadamente com a energia, têm prejudicado muitas empresas, defendendo que as autarquias devem procurar apoios nestas áreas para evitar a falência das firmas.
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O líder comunista visitou esta tarde a Ifavidro, uma fábrica de cristalaria em Alcobaça, na fronteira com a Marinha Grande, uma empresa com 20 anos e que emprega cerca de 70 funcionários.
A Ifavidro é uma das poucas fábricas que ainda utiliza a técnica de vidro soprado manual, "um modelo de fabricação que hoje está questionado pelas novas tecnologias", disse Jerónimo de Sousa, defendendo que "esta indústria precisava de mais apoio".
"Estamos aqui a ver trabalhadores que há quatro anos não recebem qualquer aumento. É uma empresa com dificuldades reais", descreveu Jerónimo de Sousa, referindo que um dos problemas das empresas é "a falta de apoios em termos dos preços dos combustíveis e do gás, que são mais pesados que os salários dos próprios trabalhadores".
Para o líder comunista, o facto de as fábricas não terem qualquer ajuda nos factores energéticos "tem sido a ruína" de muitas destas empresas. Em vésperas de eleições autárquicas, Jerónimo de Sousa considera que o poder local também tem uma palavra a dizer na defesa destas firmas.
"Não consigo desligar o desenvolvimento local do desenvolvimento económico no plano nacional. As autarquias têm de procurar também dar uma contribuição para o desenvolvimento do nosso aparelho produtivo, da nossa produção nacional", sublinhou, admitindo que "a responsabilidade maior é do poder central".
Ainda assim, acrescentou, "uma das funções das autarquias é procurar os apoios mais diversos em termos de infra-estruturas, de alguns custos energéticos, e poderem dar alguma contribuição em termos da nossa produção e do aparelho produtivo".
Jerónimo de Sousa juntou-se aos funcionários na tentativa de produzir uma peça, mas o seu sopro não foi suficiente para um bom resultado.
"É preciso muita experiência, muita prática. É necessária uma grande sensibilidade para fazer estas obras de cristalaria, com o fogo certo e o rodar certo. Mesmo com ajuda, não ficou brilhante", admitiu.
O dirigente comunista teve a companhia do presidente da Câmara de Marinha Grande, Alberto Cascalho, que a meio do mandato anterior substituiu o então líder da autarquia, Barros Duarte, que foi afastado do partido, uma questão que Jerónimo de Sousa diz pertencer ao passado.
"As coisas são como são, interessa-nos mais uma perspectiva de futuro do que essa questão, que é do passado", disse, afirmando-se convicto na vitória de Alberto Cascalho no próximo domingo.
"O executivo da câmara está sustentado num projecto, não num indivíduo, não num Messias insubstituível. O que consideramos como elemento fundamental para uma nova vitória na Marinha Grande é o projecto da CDU, realizado por muita gente, presidente, vereadores, os membros das freguesias, unidos. Estamos a olhar para a frente e não ficar a chorar sobre o leite derramado", sustentou.