<p>A CDU baixou da terceira para a quinta força política mais representada no Parlamento, sendo ultrapassada pelo CDS e pelo Bloco de Esquerda, mas obteve mais votos e mais um mandato.</p>
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Perdeu a vice-presidência e protagonismo no contexto institucional, mas também somou pontos e deu sinais claros e inequívocos de crescimento. Cresceu no número de votos e na percentagem garantida em relação às legislativas anteriores. Garantiu cerca de 446 mil votos, mais 13 mil do que em 2005, conseguindo 7,88%, mais do que os 7,56% alcançados há quatro anos. Conseguiu, também, 15 deputados, mais um do que em 2005, com a eleição de Bruno Dias, em Setúbal.
Medindo bem os factos e os números, Jerónimo de Sousa fez um balanço positivo numa das salas do antigo Hotel Vitória, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, onde os militantes da CDU se concentraram para acompanhar todos os pormenores da noite eleitoral. O secretário-geral comunista considerou que "o resultado obtido constitui um novo e estimulante sinal de crescimento sustentado da CDU. "Era o que faltava sairmos derrotados. Conseguimos mais votos e maior percentagem, portanto considerar a CDU fragilizada, como força política, é precipitado e injusto. A CDU sai reforçada, cresceu e contribuiu para a derrota do PS que perdeu a maioria", sublinhou, mantendo-se fiel às ideias defendidas durante a campanha eleitoral.
Sobre a hipótese de um possível acordo parlamentar com o PS, voltou a lembrar que "a questão decisiva é o conteúdo das políticas" defendidas pelo novo Governo, porque a coligação "não pode dizer uma coisa ao povo e fazer outra diferente".
No entanto, também reconheceu que "a CDU merecia mais do que aquilo que fez", sublinhando, contudo, não haver "um sentimento de fragilização" por ter sido ultrapassada pelo CDS.
Festa foi-se fazendo ao ritmo das televisões
A sala do antigo Hotel Vitória, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, era pequena. Bem pequena para várias dezenas de militantes da CDU que se concentraram no espaço, onde seguiram todos os pormenores da noite eleitoral. Três televisores gigantes funcionavam como alvo definido, debitavam números, percentagens e comentários sobre os resultados das eleições.
A concentração era máxima, a alegria contagiante. Mesmo às 20 horas, o primeiro soco no estômogo foi transformado em grito bem sonoro: "CDU!, CDU!, CDU!". Era a reacção às primeiras previsões que faziam baixar o partido da terceira para a quinta força política nacional. Mas ninguém parecia estar desanimado.
À medida que as televisões faziam directos, novos gritos de ordem percorriam o espaço onde funcionava o bar até à sala onde estavam aglomerados os jornalistas. "É preciso que isto mude, emprego para a juventude!", ouvia-se, quando as televisões passavam imagens da festa na sede de campanha do PS. Depois, mais um directo no antigo Hotel Vitória e mais palavras firmes: "CDU!, CDU!, CDU!".
Em surdina, comentários inaudíveis até uma enorme explosão de alegria quando se se confirmou a CDU como a segunda maior força política no distrito de Évora. Mas o melhor ainda estava para vir. Às 22 horas, em ponto, Jerónimo de Sousa encarou os jornalistas numa sala lotada por elementos da Juventude Comunista. Era o discurso de vitória pelo crescimento sustentado em relação às últimas legislativas. Houve palmas e mais gritos. Pela noite dentro.