<strong>Paquete de Oliveira</strong> - “É um resultado que permite a todos os partidos declara que ganharam. Efectivamente, todos perseguiram um objectivo comum, tirar a maioria absoluta ao PS e a José Sócrates.
Corpo do artigo
Mas este resultado é uma vitória do PS. O PS não perdeu a liderança partidária e não obstante todos os casos pelo caminho (licenciatura da Independente, Freeport, TVI e as grandes manifestações de rua e o descontentamento de importantes grupos profissionais deste país, em manifestações de 100 a 200 mil), o PS e Sócrates resistem. O que prova que o sentido de voto dos cidadãos tem sempre razões que a razão desconhece. O PSD é sem dúvida o grande derrotado. Em política, a moeda da credibilidade nem sempre tem cotação superior à eficácia e à eficiência. O teorema da «asfixia democrática» destrói-se pelo discurso dos seus próprios autores. A última coisa que talvez os portugueses pudessem acreditar, os portugueses que ouvem rádio, que lêem jornais, vêem televisão, é que existe "asfixia democrática" neste país. O grande inventor ou inventores deste tema são a negação da consistência deste argumento. Com estes resultados, a subida do CDS, Bloco e da própria CDU, a partir de agora, o centro de difícil gestão política do país estará por certo na Assembleia da República. E isso é enriquecedor para a democracia. Registe-se ainda a vitória provável (à hora a que falo) das sondagens que os autores da «asfixia democrática» também queriam destruir.”
Tiago Azevedo Fernandes - “O fim da maioria absoluta era o resultado mais importante, permite o funcionamento das instituições com mais regularidade e sem o abuso do PS. O desaparecimento dos pequenos partidos significa que, a haver alguma renovação política, será nos partidos maiores. O descalabro do PSD não se deve só aos erros da líder, mas de todo o partido, que necessita de total renovação.“
Manuel Serrão - Os resultados confirmam as expectativas criadas na recta final da campanha, sobretudo com a ajuda de Cavaco ao engenheiro Sócrates. Revelam o desacerto da estratégia de guerrilha do PSD, cujo falhanço foi total. Perante isso, fiquei espantado com o facto de Manuela Ferreira Leite não se ter demitido: que candidato do PSD às autárquicas vai querer ver a actual líder do PSD passear no seu concelho?”
António Freitas Cruz - Depois de uma campanha em que o “fait-divert” abafou o debate sobre a emergência, qualquer resultado é compreensível. Em meu entender, nada de essencial para o futuro dos portugueses ficou resolvido, nem ao menos encaminhado. O eleitorado disse que escolhe a continuação da festa, quem vier atrás que feche a porta e, já agora, apague a luz.
Alice Vieira - "O PS tem uma maioria, mas não absoluta. Resta saber, depois da euforia da vitória, como é que vai governar. Por muito que se queira fazer as contas para a maioria de esquerda, o que é um facto é que o CDS é a terceira força política. Não estou muito alegre com isso. Ao contrário do que disse Ana Gomes, não penso que isto seja uma vitória da Esquerda. Sempre pensei que o Bloco de Esquerda fosse um bocadinho como o PRD chegou a ser, que era o voto do contra. Mais prognósticos, só no fim do jogo. José Sócrates tem sempre que pensar de quem se vai socorrer.”