<p>Sondagem Universidade Católica para o JN/DN/RTP/Antena 1.</p>
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António Costa tem garantida a reeleição como presidente da Câmara de Lisboa e pode mesmo obter maioria absoluta. A candidatura de Direita, liderada por Santana Lopes, afunda-se. Com 33%, já não constitui ameaça.
A avaliar pelos resultados da sondagem realizada pela Universidade Católica, não se trata do efeito da concentração do voto útil na candidatura socialista, uma vez que a aliança entre comunistas e Verdes segura o eleitorado e o Bloco de Esquerda até regista uma ligeira subida.
A explicação para o sucesso do autarca, eleito nas intercalares de 2007, residirá em dois outros factores, bem distintos. Por um lado, a capacidade de penetrar em eleitorado que tradicionalmente votaria em partidos de Direita, como o PSD. Por outro, o facto de garantir que os quase 20 mil lisboetas (mais de 10% dos votantes) que há dois anos confiaram em Helena Roseta - cujo movimento de cidadãos firmou com António Costa um acordo político e que figura como número dois da lista - estão agora de regresso ao redil socialista.
A percentagem de intenções de voto (45%) no actual presidente da Câmara deverá ser suficiente para alcançar a maioria absoluta, que equivale a nove eleitos. Isto porque há quatro anos, quando ganhou as eleições, com 42,4%, Carmona Rodrigues elegeu sete vereadores, num cenário de seis forças políticas a assegurarem assento no executivo municipal.
A candidatura do PS, que de acordo com o estudo de opinião tem menor capacidade de atracção dos jovens e é mais eficaz entre os eleitores menos instruídos, estará, assim, a conseguir fazer passar a mensagem de que António Costa necessita de mais um mandato para concretizar o seu projecto, depois de ter passado cerca de dois anos apenas a "arrumar a casa".
Nas intercalares, a Direita apresentou-se dividida como nunca, em três candidaturas - a do PSD, que passou pela humilhação de alcançar menos votos do que a lista independente de Carmona Rodrigues - e, ainda, a do CDS/PP.
Desta feita, uma coligação entre PSD, CDS, MPT e PPM criou enormes expectativas, em especial pelo facto de ser liderada por Santana Lopes. A estratégia, que para o cabeça de lista é decisiva, uma vez que em caso de vitória lhe permite manter acesa a perspectiva de voltar a presidir ao PSD, não estará a revelar-se a mais acertada.
A Esquerda, globalmente considerada, mostra-se esmagadora, enquanto a coligação santanista nem o eleitorado que em 2007 se dispersou consegue reagrupar. Carmona, PSD e CDS/PP somaram então mais de 36%.
A candidatura de Santana apresenta nesta sondagem um conjunto de indícios que tornam possível a caracterização do seu eleitorado. Os mais velhos revelam-se mais disponíveis do que a juventude para nela votar. E é entre cidadãos detentores de curso superior que mais apoios recolhe.
Caso a CDU e o Bloco de Esquerda logrem alcançar mandatos, o futuro executivo não terá mais do que quatro partidos - contrastando com os seis que actualmente o integram. Ruben de Carvalho deverá voltar a assegurrar a obtenção de dois mandatos para a CDU. Já Luís Fazenda, que conduz o BE a um score próximo do da CDU, deve ser reeleito.
Ficha técnica
Esta sondagem foi realizada pelo Centro de Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica (CESOP) para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias entre os dias 3 e 6 de Outubro de 2009. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente
e residentes no concelho de Lisboa. Foram seleccionadas aleatoriamente vinte e duas freguesias do concelho. A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das eleições legislativas de 2009 e autárquicas de 2005 nesse conjunto de freguesias, ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma, estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram seleccionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais recente aniversariante recenseado eleitoralmente na
freguesia. Foram obtidos 2221 inquéritos válidos, sendo que 58% dos inquiridos eram do sexo feminino. As intenções de voto foram recolhidas através de simulação em urna. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população com 18 ou mais anos residente em Lisboa por sexo (2007) e escalões etários (2007), na base dos dados do INE e de acordo com a dimensão das freguesias na base dos dados eleitorais. A taxa de resposta foi de 49%.* A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória de 2221 inquiridos é de 2,1%, com um nível de confiança de 95%.