Ao contrário do que sucedeu com quase todos os partidos nas eleições autárquicas de domingo, os movimentos independentes subiram mais de cem mil votos, o que se traduziu na conquista de 13 câmaras municipais, mais seis do que em 2009, sete das quais subtraídas ao PSD, duas "roubadas" ao PS. A única exceção partidária na derrocada dos votos foi o PCP, que também cresceu, somando mais 20 mil votos.
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Na prática, os independentes têm vindo desde 2005 a duplicar a votação em cada ato eleitoral local. Nesse ano, apresentaram 27 candidaturas. Em 2009 subiram para 53, mas o resultado foi igual: sete câmaras conquistadas. Desta vez, com 89 candidaturas, passaram a ser poder em 13. E ficaram à beira do 14.º município: em Fafe, Parcídio Summavielle perdeu por 15 votos.
O sucesso dos independentes nas urnas não significa, no entanto, uma revolução, considera Manuel Meirinho, presidente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Por uma razão simples: "não houve uma única candidatura verdadeiramente independente", garante.
"O fenómeno é contextual, surge por distração dos partidos e está sobretudo focado no PSD", explicou ao JN. Na sua opinião, "a emergência dos independentes não é genuína". É fruto apenas de "faccionalismo interno, de situações intrapartidárias mal resolvidas ou de pessoas que já tinham elevado capital político nas autarquias a que se candidataram".
Mesmo Rui Moreira, que venceu no Porto sem nunca ter integrado nenhum partido, não é exceção à regra, considera o especialista. "Foi uma candidatura híbrida, mas cujos fundamentos não divergem das outras". Ou seja, "foi formalmente apoiado pelo CDS e informalmente apoiado pelas elites da cidade, nas quais se destaca Rui Rio", a quem agora sucederá.