A já longa relação de afecto entre os Lamb e o público português é retomada amanhã, no arranque do Festival Marés Vivas, em Gaia. O duo actua na mesma noite de outros dois projectos britânicos, Primal Scream e Kaiser Chiefs.
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No auge da popularidade, ocuparam o primeiro lugar da tabela nacional de vendas e acumularam actuações, incluindo no Pavilhão Atlântico. Quatro anos decorridos sobre uma separação cujos motivos - desenvolvimento de projectos pessoais - nunca convenceram os fãs, os Lamb voltaram ao activo. Sem material novo para mostrar, os autores de "Fear of fours" têm calcorreado a Europa, repetindo os êxitos que os notabilizaram há quase uma década.
Da proximidade que mantiveram com o público português, Lou Rhodes desfaz-se em elogios à capacidade deste de "revelar emoções e deixar-se envolver pela música", em contraponto com "a distância" que diz encontrar na Inglaterra natal. "Talvez tenha que ver com a forte tradição musical portuguesa, sobretudo o fado", explica a cantora.
A fama que o duo alcançou em Portugal atingiu proporções tais que Lou Rhodes e Andy Barlow chegaram a sentir-se "verdadeiras estrelas pop. Foi muito bizarro", confidencia.
Já depois da dissolução do grupo, Lou Rhodes actuou em Portugal para apresentar os trabalhos a solo e a química manteve-se, pese embora as diferenças assinaláveis entre ambos os registos: "Os Lamb têm toneladas de tecnologia, enquanto a minha música é mais interior. Sou só eu e uma guitarra acústica. Mas ambas as experiências foram muito intensas".
Se foi em Portugal que mantiveram, durante anos a fio, a principal base de apoio, a presente digressão tem levado a música a novas paragens. A vocalista recorda os recentes espectáculos na Bulgária e na Polónia, em que o entusiasmo popular superou as expectativas mais optimistas.
Sem projectos para um novo álbum, os Lamb têm aproveitado a digressão para introduzir novas densidades sonoras nos temas já antigos. Uma mudança que Rhodes explica pela "forma acelerada como a música electrónica evolui, o que faz com que as canções fiquem datadas rapidamente".
O regresso dos Lamb não invalida que a voz do grupo continue a centrar as prioridades artísticas na carreira a solo. O terceiro álbum está em fase adiantada de produção e o projecto da editora discográfica mantém-se de pé, à espera de mais verbas para o respectivo desenvolvimento.
A viver fora dos grandes centros há vários anos, Lou Rhodes diz não ter dificuldade em gerir uma carreira artística afastada de Londres, em grande parte devido às facilidades trazidas pelas novas tecnologias. "Acima de tudo, sou uma escritora de canções. Posso compor em qualquer lado", diz.