É um regresso ao espírito "indie" e de descoberta, que fez de Paredes de Coura o festival mais "cool" do país. Apostas seguras e bandas à espera da consagração vão levar 100 mil pessoas à praia do Taboão.
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É o cartaz mais coerente dos últimos anos", afirma João Carvalho, da Ritmos. Em 2013, a organização começou mais cedo a trabalhar nas contratações e, graças a isso, conseguiu agarrar bandas que há muito queria ver no anfiteatro natural de Coura. Trazer os pesos pesados é, para a Ritmos, uma questão de qualidade musical e não comercial, até porque dificilmente se vendem mais bilhetes. "Temos das assistências mais consistentes de todos os festivais. Ronda os 20 mil, 25 mil/dia todos os anos."
Entre as 100 mil pessoas que são esperadas para os cinco dias do Vodafone Paredes de Coura, voltará a haver muitos estrangeiros. Os espanhóis continuam a ser os mais numerosos, mas, neste ano, os contingentes ingleses e belgas aumentaram.
Um dos fatores que poderão ter contribuído para este crescimento das vendas além fronteiras terá sido a confirmação dos Knife. O esquivo e enigmático duo sueco teve mais de 200 propostas para este verão. "Só escolheram meia dúzia de festivais e nós fomos um deles", diz, com satisfação, João Carvalho.
Calexico era outro dos desejos antigos. Em entrevista, Joey Burns confessou que nunca tinham atuado num festival e que gostariam de tocar num no norte de Portugal, em... Paredes de Coura. No dia seguinte, seguia uma proposta da Ritmos para o agente dos norte-americanos, que a aceitou.
Nos anos 90, os escoceses Belle & Sebastian foram precursores do estilo indie-folk que há um par de anos decididamente virou moda. Nos anos 80, quando grande parte dos músicos que vão passar pelos três palcos de Paredes de Coura ainda não tinha sequer nascido, os históricos Echo & The Bunnymen trilhavam o caminho do pós-punk através de uma estrada psicadélica. Estas são as apostas seguras deste ano.
Todavia, não são as apostas seguras que ficam na história de Coura. No livro de honra do festival, sobressaem os concertos imprevistos de bandas que só depois subiram ao estrelado. Em 2003, houve Yeah, Yeah, Yeahs. Em 2005, os Arcade Fire e os National. E os "!!!", em 2006, só para lembrar alguns.
Nesta edição, que será "o festival mais bonito de sempre", João Carvalho não duvida de que haverá outros "concertos marcantes que ficarão na história". As suas apostas pessoais são Jagwar Ma, Bass Drum of Death, Toy e Everything Everything. "E Peace será um dos melhores concertos", antecipa.