Seis mandatos não asseguram a governabilidade mas a margem de Rui Moreira é confortável. Basta negociar um pelouro, mas poderá não passar dos acordos pontuais. Manuel Pizarro diz que está disponível para contribuir.
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Depois da vitória, o silêncio. Rui Moreira ficou, na segunda-feira, por casa a recuperar energias e a pensar na melhor receita para cozinhar uma solução que lhe permita governar a Autarquia com estabilidade e sem bloqueios, após ter ficado com menos de metade dos 13 mandatos. Por sua vez, Manuel Pizarro garantiu ontem, ao JN, que, "como sempre fez, o PS contribuirá para as condições de governabilidade da Câmara".
Manuel Pizarro, um dos três eleitos do PS, não especificou em que moldes está disponível, se aceitando um pelouro, se viabilizando pontualmente as decisões do Executivo de Rui Moreira. Mas vincou, enquanto princípio "inegociável", que o PS vai "honrar o seu mandato" e "defender o seu programa".
As condições para o diálogo estão criadas à partida. Ainda anteontem à noite, as primeiras palavras de Moreira foram para Manuel Pizarro que, por sua vez, se apressou a ligar ao novo presidente para lhe dar os parabéns.
Em comum, tinham o objetivo de travar Luís Filipe Menezes. Além disso, a candidatura independente também teve o apoio de socialistas, desde cedo arregimentados pelo movimento, nomeadamente por Daniel Bessa, ex--ministro do PS que venceu a Assembleia Municipal.
Na noite eleitoral, Rui Moreira não quis falar de acordos e prometeu uma solução "dentro de dias", mediante uma análise mais detalhada dos resultados. Porém, foi dizendo que, com a sua vitória, a cidade era governável.
Os mandatos conseguidos pela candidatura independente dão margem para três cenários. Rui Moreira poderá simplesmente concluir que os seis eleitos em 13 são suficientes para governar, apostando em acordos pontuais, através de votos favoráveis ou da abstenção, ora do PS (que elegeu três vereadores), ora da CDU (que elegeu Pedro Carvalho).
Porque o PSD, também este com três eleitos, e a Esquerda somam sete vereadores contra seis mandatos de Rui Moreira, o novo presidente poderá preferir jogar pelo seguro. Neste caso, mesmo que Manuel Pizarro não queira assumir um pelouro, até para não perder margem de manobra para a próxima eleição, Rui Moreira pode sempre recorrer ao PCP, fazendo um acordo semelhante ao que Rui Sá fez com Rui Rio. Não seria tão vantajoso quanto o PS, uma vez que a CDU só tem um eleito. Porém, mesmo na Assembleia Municipal, onde a votação foi menor, bastaria para viabilizar as propostas do movimento independente, já que a candidatura ganhou cinco juntas de freguesia, cujos presidentes têm lugar por inerência.
Uma coisa é certa: Moreira deixou claro que não faria acordos com Menezes. E que preferia governar sem maioria absoluta do que entregar pelouros, se isso colocasse em causa o seu programa.
