O antigo presidente do PSD Fernando Nogueira considerou este domingo que o líder do CDS-PP, Paulo Portas, está com "tiques socráticos" e pediu-lhe "um ego mais reduzido" em nome de uma futura coligação entre sociais-democratas e centristas.
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"Temos de apostar naquilo que deu provas no passado de que pode funcionar. Uma coligação PSD/CDS pode funcionar, desde que o doutor Paulo Portas tenha um pouco mais de modéstia e quando se olha ao espelho não esteja a ver o primeiro-ministro que só ele é que vê naquele espelho, mais ninguém vê", declarou Fernando Nogueira aos jornalistas, em Sintra.
Fernando Nogueira apareceu este domingo ao lado do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, numa acção de campanha, no centro histórico de Sintra, mas quis deixar claro que não pensa "voltar à política activa" e que muito menos aceitará "qualquer lugar de nomeacção governamental".
O antigo ministro dos governos de Cavaco Silva justificou a sua presença nesta ação de campanha para as legislativas de 5 de junho considerando que "estas são as eleições mais importantes" de que tem memória e que é decisivo o PSD derrotar o PS.
Segundo Fernando Nogueira, "José Sócrates é um caso perdido", não tem parceiro para formar "um Governo alargado", e a solução para o país é uma coligação entre o PSD e o CDS-PP, mas Paulo Portas está com a atitude errada.
"Fiquei algo mal impressionado com o doutor Paulo Portas, que me parece que está a ficar com uns tiques socráticos, uma vez que ele próprio se arvora a posição de candidato a primeiro-ministro. Isto é o reino do faz de conta, ninguém acredita que Paulo Portas possa ser primeiro-ministro, porque é impossível, tinha de haver um cataclismo eleitoral", disse.
"Além disso, vejo-o com muito mais satisfação a atacar o PSD do que o PS, quando o mal que existe no país foi provocado pelo PS do engenheiro José Sócrates. Portanto, espero que ele arrepie caminho e que seja mais sensato, menos sarcástico e que tenha um ego mais reduzido", acrescentou.
Questionado sobre a possibilidade de haver um Governo composto pelo PS e pelo CDS-PP, Fernando Nogueira respondeu: "Houve essa experiência em Portugal, uma vez, no segundo Governo constitucional. Houve um Governo PS/CDS, esse Governo durou sete meses. Não é altura para o país cair nos experimentalismos".
Fernando Nogueira encontrou-se com Pedro Passos Coelho na Praça da República, em Sintra, e esteve com ele numa pastelaria, onde estiveram também os social-democratas Fernando Seara, Pedro Pinto, Carlos Carreiras, Miguel Relvas, Ângelo Correia, Assunção Esteves e Paulo Mota Pinto.
Depois, na rua, o antigo ministro da Defesa falou aos jornalistas, começando por referir que não lhe tinha sido "oferecido qualquer lugar" e que estava ali por "dever de consciência".
"Estas são as eleições mais importantes de que eu tenho memória, porque aqui se vai decidir o futuro de Portugal. Ou teremos um país endividado, com uma sobrecarga enorme de dívida, com os nossos jovens a emigrar, a irem para o estrangeiro, ou temos um país a quem podemos restituir a esperança e ser um espaço onde as pessoas podem viver a vida com dignidade", considerou.