As expectativas eram mais que muitas. "Coming Soon: Arcade Fire", lia-se num letreiro de cinema à moda antiga. E todos eles chegaram, homens e mulheres, prontos a fazer festa dentro e fora do palco.
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Depois do cancelamento do concerto dos Arcade Fire, em Novembro passado, por causa da Cimeira da Nato, o público estava sedento para vê-los entrar em palco e desfilar a sua festa de instrumentos frenéticos: guitarras, violinos, piano, acordeão, entre muitos outros.
"Ready to Start" - canção do último disco da banda, "The Suburbs" (2010), que ainda não tinha sido apresentado ao vivo em Portugal - deu o mote para mais de uma hora de concerto, com letras bem estudadas e vozes treinadas para lançar-se de corpo e alma na devoção à banda. Os Arcade Fire sabem puxar dos galões dos oito elementos do grupo e incendiar uma plateia à espera do mais ínfimo pretexto para se soltar.
Além das músicas do novo álbum, a banda apostou em recordar as canções de "Funeral" (2004) - primeiro disco do grupo -, desfilando as várias "Neighborhood", "Rebellion (Lies) ou uma "Wake Up", deixada para o encore, que ficará na memória como um dos momentos altos da actuação da banda canadiana no Meco.
Win Butler, o vocalista, não poupou elogios ao enérgico público português - um exemplo a seguir, segundo o músico -, que até conseguiu fazer com que este parecesse o primeiro concerto da tournée.
Antes, tinha sido a vez da banda de Beth Gibbons maravilhar o público do Super Rock.
As primeiras palavras que se fizeram ouvir foram em português, com "Silence", a primeira canção dos Portishead a ecoar pela Herdade do Cabeço da Flauta. A entrada da banda de Beth Gibbons em palco mereceu uma ovação, que se viria a repetir ao longo do concerto, entre silêncios respeitosos, aplausos, muitas canções reconhecidas aos primeiros acordes e letras sabidas na ponta da língua.
Beth Gibbons foi igual ao que dela já se conhece. Figura esquiva, de poucas palavras, com uma voz penetrante, pronta a arrebatar as 30 mil pessoas que se encontravam na plateia.
"Silence", "The Rip" ou "Machin Gun" trouxeram o universo do último disco, "Third" (2008), para um Super Rock já rendido aos Portishead, mesmo antes de estes terem subido ao palco.
Os coros sentidos do público fizeram-se ouvir em canções que já fazem parte do imaginário comum. "Mysterons" e "Glory Box" fizeram ferver o sangue dos milhares de pessoas que estavam no Meco, num concerto que se podia ver de olhos fechados, que continuaria a fazer todo o sentido.
"Roads", a caminho do final, foi entoada por uma multidão, sem, contudo, perder a densa intimidade que a caracteriza.
"Vocês são fantásticos. Obrigado", agradeceu Beth Gibbons no momento da despedida.