Sondagem JN/DN/RTP/Antena 1.
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Nem uma condenação a pena de prisão põe em causa a popularidade de Isaltino Morais. Imparável, pode regressar aos velhos tempos das maiorias absolutas, caso os resultados da sondagem da Católica se confirmem.
O autarca oeirense reforça a sua influência eleitoral, por comparação com o sufrágio de há quatro anos, quando ainda não fora sequer pronunciado. Agora, apesar da condenação em primeira instância a sete anos de prisão, pelos crimes de corrupção e abuso de poder, entre outros, atinge 42% de intenções de voto - mais oito pontos do que em 2005.
Não convertendo em mandatos as percentagens apuradas, este estudo de opinião torna arriscadas previsões quanto à constituição do executivo municipal. Ainda assim, é possível afirmar que Isaltino Morais está muito perto de garantir os seis eleitos que lhe permitirão governar sem ter de fazer cedências à Oposição. Caso isso aconteça, será o regresso ao estatuto de "todo-poderoso", perdido no actual mandato.
Quem paga as favas da recuperação eleitoral do autarca-candidato? Precisamente o PSD, partido do qual se divorciou quando a Direcção de Marques Mendes impediu que se recandidatasse à Câmara que dominava desde 1986. A lista de Isabel Meirelles, que associa aos social-democratas o CDS/PP e o PPM, revela-se um fracasso total. Trata-se, de facto, de uma aliança que, não passando dos 16%, subtrai em vez de somar. Isto porque o PSD sozinho alcançou 30,5% no último sufrágio.
O PS, liderado nesta disputa eleitoral pelo ex-vice-presidente da Câmara de Lisboa Marcos Perestrello, caminha em sentido contrário. Ao avançar 10%, passa à condição de segunda força. Adia por mais quatro anos a ambição de voltar ao poder na Câmara, que ocupou entre 1977 e 1979. E como convence apenas um em cada quatro eleitores, dificilmente poderá vir a deter influência na gestão, porque não deverá eleger mais do que três vereadores.
Amílcar Campos, único vereador eleito pela CDU, deverá segurar o lugar, uma vez que o score que obtém fica aproxima-se do de 2005. Apesar de uma provável progressão eleitoral, o Bloco de Esquerda apenas consegue ficar perto da CDU. O mais provável é que o cabeça de lista do partido, Francisco Silva, não seja eleito.
Um olhar de relance pelos outros dois dados introduzidos na sondagem (idade e nível de instrução) ajuda a traçar uma parte do perfil do eleitorado de cada uma das candidaturas. Talvez de forma surpreendente, dada a idade do candidato, o PS penetra mais no eleitorado idoso, em contraste com o Bloco, como peixe na água entre a juventude.
Isaltino Morais, cuja fatia principal de eleitorado se situa na faixa entre 25 e 64 anos, é mais credível para os menos instruídos. A aliança entre PSD, CDS e PPM apresenta, a este nível, o perfil oposto.
Ficha técnica
Esta sondagem foi realizada pelo Centro de Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica (CESOP) para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias entre os dias 2 e 5 de Outubro de 2009. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes no concelho de Oeiras. Foram seleccionadas aleatoriamente sete freguesias do concelho. A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das eleições legislativas de 2009 e autárquicas de 2005 nesse conjunto de freguesias, ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma, estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram seleccionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais recente aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 1307 inquéritos válidos, sendo que 57% dos inquiridos eram do sexo feminino. As intenções de voto foram recolhidas através de simulação em urna. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população com 18 ou mais anos residente em Oeiras por sexo (2007) e escalões etários (2007), na base dos dados do INE e de acordo com a dimensão das freguesias na base dos dados eleitorais. A taxa de resposta foi de 52%.* A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória de 1307 inquiridos é de 2,7%, com um nível de confiança de 95%.