A promessa estava feita: transformar o designado anfiteatro natural de Paredes de Coura numa imensa pista de dança pela madrugada dentro.Jens Moelle e Ismail Tufeckçi, o duo alemão que compõe os Digitalism, não só cumpriram a tarefa como tê-la-ão até superado, para surpresa dos muitos milhares de presentes que ainda desconheciam os contornos da sua música, escolhida para encerrar o palco do terceiro dia.iferente das demais.
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Sem pausas ou instantes mortos, as diatribes sonoras do grupo não só provaram ter inteiro cabimento num festival onde o rock dita leis, como tiveram amplo feed-back junto da plateia, rendida às batidas viciantes repletas de influências techno, trance e punk.
Pode parecer uma graçola fácil, mas não se pode dizer que os dEUS tenham tido ajuda divina na sua terceira aparição no festival minhoto. Um após outro, os problemas técnicos e instrumentais foram-se sucedendo, o que ajuda a explicar em larga escala o começo demasiado morno da atuação.
Mas o que esteve prestes a ser uma verdadeira 'débacle' para Tom Barman 'et ses garçons' lá acabou aos poucos por compor-se, em grande medida graças ao inatacável profissionalismo da banda que, confrontada com tamanhos deslizes, puxou do brio e partiu para um espetáculo sóbrio e eficaz.
Há muito familiarizado com os palcos lusos, Barman demonstrou idêntico à-vontade no domínio do idioma pátrio, expressando-se num Português digno de causar inveja a muitos futebolistas.
E mesmo não tendo atingido o brilhantismo das duas primeiras atuações, pelos motivos já explicados, o penúltimo concerto da noite no palco principal não foi parco em atrativos. Revisitando amiúde os principais pontos altos da sua já vasta discografia, os dEUS privilegiaram na presente incursão uma vertente mais experimental que tornou a sua enésima atuação por cá diferente das demais.