O Partido pelos Animais e pela Natureza propõe uma reconversão das touradas, em que se mantenha apenas o que é "positivo": a estética, a festa, o sentimento de fraternidade entre as pessoas.
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Em entrevista à Agência Lusa, o presidente do Partido pelos Animais e pela Natureza (PAN), Paulo Borges, defende touradas sem sofrimento dos animais, que passariam, eventualmente, por espectáculos apenas com cavalos montados.
"No fundo foi o que aconteceu com muitas artes marciais e bélicas tradicionais", diz o líder, exemplificando com a arte do sabre no Japão antigo praticado pelos samurais.
"Corria o sangue e as cabeças rolavam e entretanto converteu-se num espectáculo estético e que visa o desenvolvimento da concentração", nota.
Paulo Borges garante não ser contra exibições ou que os cavalos sejam montados, uma vez que há uma "socialização e domesticação de certos animais" que não constituem exploração e violência.
O PAN não aceita a exposição dos cavalos ao risco de terem as "entranhas perfuradas" e que os touros sejam "torturados antes, durante e depois das touradas".
"A nossa preocupação não é apenas com o bem-estar animal, é também com o bem-estar humano porque a tourada é um espectáculo violento que não contribui para a moralidade pública e cultura da paz", argumenta.
Em pré-campanha para as eleições legislativas antecipadas de 5 de Junho, o PAN revela a meta de eleger deputados para defenderem três "grandes causas: humanitária, ambiental e animal".
Por defender valores "transversais a todos os quadrantes", o partido "não fecha as portas a ninguém" para o diálogo e quer uma "política da cooperação e não do bota abaixo".
O programa eleitoral abrange diversas áreas e recusa qualquer violência: desde a dos "animais nas touradas até quando se lançam grandes sectores da sociedade para o desemprego, endividamento e miséria".
Ementas vegetarianas nas escolas e hospitais, inclusão de medicinas alternativas no Serviço Nacional de Saúde e a entrada das crianças para a escola com sete anos são algumas das propostas.
O PAN defende o fim de rituais como a matança do porco e outros ligados a algumas religiões afro-brasileiras.
Para o final da "violência fiscal", o PAN quer o aumento de impostos sobre as classes com mais rendimentos e que os gestores públicos ganhem, no máximo, como um ministro.
Paulo Borges garante que consumir menos carne pode reduzir a fome no mundo e o efeito estufa.
O líder do PAN indica que a produção industrial de carne é o "maior responsável pela poluição e aquecimento global de todo o planeta", uma vez que emite CO2 e gás metano (produzido nomeadamente pelos excrementos bovinos).
"A desflorestação para se produzir cereais e leguminosas para se dar aos animais permitiria alimentar directamente 200 milhões de pessoas quando, diariamente passam fome 100 milhões de pessoas", descreve.