Diz Paulo Portas que "o primeiro-ministro tem contactos curtos e intermitentes com a verdade". A tirada, que já havia sido ensaiada, serviu para responder à circunstância de José Sócrates ter dito que CDS e PSD tinham tido conhecimento das duas versões do memorando firmado com a "troika" (ou triunvirato, como diz Portas, ou tríade, como chegou a dizer Nuno Melo) sobre a ajuda externa a Portugal.
Corpo do artigo
No fundo, em termos das questõezinhas que fazem o debate político, foi essa a nota da manhã deste sábado, passada no distrito de Leiria. De resto, o que houve foi o "Paulinho das feiras" no seu melhor, a distribuir charme, e no seu pico de agilidade, a passar à margem dos insultos de vendedores de etnia cigana.
Explique-se. Depois de falar com Dinis Seabra, o presidente da Associação Cigana de Leiria, que apresentou queixumes da comunidade a propósito da perda do Rendimento Social de Inserção (Portas, basicamente, defende que o dito rendimento mínimo faz sentido apenas em casos de comprovada necessidade, como, por exemplo, de doença) e concordou que terá de haver muito melhor fiscalização, as bocas saídas da comunidade, com tendas montadas na feira de Leiria, não inspiravam simpatia.
"Vai-te embora" ou "não és bem-vindo aqui, mais vale o 'Socras'" são exemplos das vozes de boas-vindas a que Portas se esquivou, embora tenha depois admitido que é normal que não concordem com as ideias dele, mas que mantém firme o princípio de que a prestação social em causa não pode ser um pretexto para não querer trabalhar, ou uma consequência disso.
Nos mercados municipais de Alcobaça e Leiria, que também visitou, o líder centrista mostrou ser o verdadeiro ídolo das vendedeiras, com especial destaque para as peixeiras, que há dois anos puseram um outro político com o rabo entre as pernas. "Ele ainda é melhor do que o Tony Carreira, e eu gosto muito do Tony Carreira", dizia uma. Bportas era agarrado, levado, beijado, abraçado. E saltava para dentro das bancas, como antes, numa rua alcobacense, saltar os degraus todos até chegar a um salão de cabeleireiras num primeiro andar, como já fizera em Vila Real: "Isto já está difícil assim: ponham as pessoas bonitas!".