A dois passos do Bairro da Bela Vista, em Setúbal, que não se livra do rótulo de problemático, Paulo Portas, que não se cansa de agitar a bandeira da segurança, fechou a campanha eleitoral aparentemente seguro de que obterá um resultado muito positivo.
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"É a homenagem que queremos prestar à gente que, nestas terras, sofre com o desemprego e sofre com a insegurança", disse Paulo Portas, justificando o facto de encerrar a campanha em Setúbal, que diz não ser tão surpreendente, embora ele próprio tivesse admitido haver outra razão, bem expressa pelo orador que o precedeu no último jantar de campanha, o cabeça-de-lista pelo distrito, Nuno Magalhães: "Há dois anos, o CDS ficou a 900 votos de eleger o segundo deputado".
Repisando longamente os vários temas do manifesto eleitoral, mas pondo ênfase inicial nas questões da segurança, para adequar o discurso aos eleitores setubalenses (embora houvesse, no pavilhão, gente de todo o país a participar no encerramento), o presidente centrista garantiu: "Termina hoje uma campanha eleitoral, mas não terminam os princípios que levaram o CDS a ser o factor novo nestas eleições".
Fez ainda o elogio de toda a postura em campanha, assegurando que será a mesma a partir de domingo, e destacou os méritos dos candidatos a deputados, "uma equipa mais jovem, mas com muita qualidade, provas dadas na vida profissional e independente na política para ser livre no seu juízo".
Dizendo que "O CDS é um partido interclassista, que valoriza o trabalho", apontou essa característica como justificação de um bom resultado, "num tempo verdadeiramente excepcional". Sob o olhar das televisões (que ditam o alinhamento dos discursos dos líderes em véspera do dia de reflexão), Portas mostra-se agradado com "uma campanha muito poupada, tranquila e consciente".
"A minha atitude é esforço: não quero nenhuma euforia, e peço aos militantes e simpatizantes do CDS para convencerem outros", disse, na expectativa de que a propaganda informal, de boca para orelha, ajude a chegar ao tal resultado surpreendente que ele próprio recusa quantificar (sendo bem claro que os centristas sonham com os 14 pontos percentuais).
"Tanta gente com medo do CDS!", constatou Portas, aludindo às referencias feitas, esta sexta-feira, ao partido por elementos das restantes forças políticas. "Quem foi a melhor oposição ao PS? O CDS merece ser premiado", bradou, insistindo na ideia de que "há 16 deputados directamente em disputa entre o CDS e o PS".
Portas enumerou depois os círculos eleitorais:Lisboa, Setúbal, Santarém, Faro, Coimbra, Aveiro, Leiria, Porto, Braga, Viana do Castelo, Madeira, Viseu, Açores, Guarda, Castelo Branco e Vila Real.
"Foi uma bela campanha, que tornou o CDS melhor", disse ainda Portas. E fechou com o costumeiro apelo a que as pessoas deixem de pensar em emblemas partidários. Mudança, para ele, significará alguns dos tais 16 deputados.