<p>Na hora da vitória, Rui Rio falou para o país. O social-democrata, reeleito com maioria absoluta para a Câmara do Porto, exigiu "respeito" do Governo de José Sócrates, incitando-o a olhá-lo como "parceiro para o desenvolvimento" do concelho.</p>
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O autarca, que cumprirá o terceiro mandato na liderança do Município, deixou um "apelo directo" ao primeiro-ministro e secretário-geral do PS, que teve ontem "uma estrondosa derrota no Porto e em Portugal", para que não o encare como "adversário político". Mas não poupou críticas ao ministro das Finanças, Teixeira dos Santos (candidato derrotado do PS à presidência da Assembleia Municipal do Porto), face ao desvio de milhões comunitários que se destinavam a outras regiões para Lisboa. "Como é que permite uma coisa destas se acha que o Porto está moribundo?", questionou o social-democrata, realçando que a Maioria PSD/PP tudo fará para melhorar a competitividade da Invicta. Porém, a concretização desse objectivo, adianta Rio, também depende da Administração Central.
"O Governo continuará a ter todo o meu respeito institucional. Espero que do Governo haja também o mesmo respeito", avisou o autarca, cujas palavras foram recebidas com ruidoso entusiasmo por centenas de apoiantes, que se acotovelavam na sede da candidatura PSD/PP e no passeio da Avenida dos Aliados. Rio entrou na sede às 18.30 horas e permaneceu longe do olhar dos apoiantes, que desde as projecções das televisões festejaram a vitória da coligação, durante quatro horas. É que a noite começou com a incerteza na vitória absoluta e acabou com uma votação mais volumosa do que nas autárquicas de 2005.
Não admira, por isso, que a música dos Black Eyed Peas que trouxe Rui Rio ao palco improvisado na sede celebre a "sensação de que esta noite ia ser uma boa noite". E assim foi para o presidente reeleito que, honrado e orgulhoso de merecer a confiança dos portuenses, garante que tudo fará para não desiludi-los. "Pela primeira vez, há na Câmara um Executivo e um presidente que reforçam a votação no terceiro mandato consecutivo", atentou. A JSD pediu e Rui Rio saltou ao lado dos candidatos ao Município.
A equipa da coligação praticamente não sofre alterações. Fica de fora o vereador do Urbanismo, Lino Ferreira, que ouviu elogios do social-democrata pela "lealdade extrema" até ao último dia, embora soubesse que não teria um lugar na Câmara no terceiro mandato. "Nem todos se comportaram da mesma forma em igual circunstância", adiantou. Após uma campanha "extraordinária" que fê-lo recordar os "tempos de Sá Carneiro", Rui Rio fez questão de agradecer o apoio da líder do PSD. Manuela Ferreira Leite.
Certo de que, "em democracia, é tão digno ganhar como perder", cumprimentou os opositores e deixou a vontade de colaboração. No próximo mandato, prosseguirá com a reabilitação dos bairros e das escolas e demolirá o Aleixo, "respeitando todos". A requalificação da Baixa mantém-se como prioridade. O discurso de vitória terminou e, tal como na campanha, os apoiantes voltaram a perguntar: "Quem é o gostosão aqui? É o Rio, é o Rio, é o Rio..." E o autarca avançou entre as centenas de pessoas até ao autocarro descapotável "Marlene" para a derradeira viagem, ora vitoriosa.