Os protestos de pais e alunos de escolas com associação voltaram a entrar em campanhas eleitorais. Agora, também pelo ar. Esta quarta-feira, José Sócrates tinha à sua espera, em Torres Vedras, um grupo de encarregados de educação do Externato Penafirme e também uma avioneta que puxava uma tarja em que se lia "Penafirme ensino público gratuito".
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José Sócrates conseguiu evitar o pequeno grupo de manifestantes, mas o presidente da Câmara de Torres Vedras, anfitrião do almoço de hoje, enfrentou-os. Primeiro na sua intervenção, durante a qual associou o protesto a questões partidárias - "já têm feito apelos para que ninguém vote no PS" - e afirmou que "se há gente que tem dinheiro para fazer manifestações com avionetas, também tem dinheiro para investir na educação".
Depois, Carlos Miguel saiu da sala e dirigiu-se aos manifestantes com os quais travou uma acesa disputa verbal, tendo-lhes mostrado um panfleto em que se lia que "Votar no PS é encerrar o externato", e apontava os outros partidos como alternativa.
E se é verdade que Sócrates evitou os manifestantes, não fugiu ao assunto. No seu discurso, criticou aqueles que, "em vez de defenderem o seu ponto de vista, boicotam o dos outros". "Todas as manifestações são legítimas, mas eu não me desvio dos meus pontos de vista. Aqui ninguém vai para o comício dos outros provocá-los", disse.
"Será isso que lhes ensinam na escola? É esse o exemplo que querem dar ao país? Boicotar os pontos de vista dos outros?", insistiu o líder do PS, garantindo que não se deixa impressionar.
A resposta de Sócrates, dada com "nobreza, elevação e superioridade", terminou com uma ironia: "Nunca vi ninguém reclamar dinheiro do Estado utilizando meios caros.", numa alusão à avioneta.
Contudo, fonte ligada ao protesto garantiu que a avioneta pertence a um ex-aluno do Externato, pelo que não implicou qualquer gasto.
O Externato de Penafirma acolhe 1800 alunos, do 4º aos 12º ano, e, segundo António Guerreiro, membro da Associação de Pais, corre o risco de já não abrir no próximo ano lectivo. O encarregado de educação alega que não há alternativas em Torres Vedras e que o corte de 30% decretado pelo Governo, a partir de Agosto - de 114 mil euros por turma para 80 mil euros/ano - será fatal.
Guerreiro, que garante pertencer a um movimento apartidário, exige que o Governo revele as contas que já estão feitas sobre os custos por aluno no ensino público.