<p>Os modelos defendidos são distintos, mas todos convergem para a recuperação de um Centro Histórico com cerca de 400 edifícios a ameaçar ruína. A construção é tema incontornável da luta partidária na capital do Minho.</p>
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Para o bem e para o mal, as obras (em excesso ou a falta delas) estão indissociavelmente ligadas à política bracarense. Seja pelo que muitos entendem como "desmandos urbanísticos", assentes na profusa multiplicação de prédios nos arrabaldes da cidade, seja pela degradação do centro urbano, com centenas de imóveis a ameaçar ruína, conferindo ao casco urbano um cenário de cidade assombrada.
Com este perfil, chega-se a novo escrutínio eleitoral, sempre com a suspeição pendente sobre as cabeças de empreiteiros que são associados ao pulsar da cidade. Braga cresceu muito. Demasiado, segundo alguns. E a esse crescimento são associados os malefícios de descaracterização da cidade, do seu devir e vivência.
Não estranha, por isso que a campanha que decorre na capital do Minho tenha, no discurso dos diferentes candidatos, o centro da cidade como tema principal. Todos reconhecem a necessidade de repovoar o centro histórico. Quando aos métodos, as opiniões são divergentes.
Mesquita Machado (PS) pugna por dar continuidade ao trabalho que o gabinete técnico do centro histórico tem desenvolvido, nomeadamente no "apoio aos proprietários que queiram reconstruir as suas habitações". Destaca, ainda, "a isenção de taxas" na reconstrução, dentro da área definida de reconversão urbanística.
Já Ricardo Rio - coligação Juntos por Braga (PSD/PP) - defende parcerias público-privadas para requalificar os espaços públicos, "como, por exemplo, devolver o Campo da Vinha aos cidadãos e implementar nova gestão que contribua para melhorar a qualidade de vida". A estratégia passa pela "renovação do edificado e a criação de um Fundo de Investimento Imobiliário para a recuperação das zonas degradadas".
Rodrigues Dias (CDU) defende, por seu turno, um programa de reabilitação do parque habitacional do Centro Histórico, assente num novo plano de trânsito e acessos, com parques automóveis suburbanos e incentivos à utilização dos transportes públicos. Mas a CDU faz finca-pé do "reforço da fiscalização das obras no município".
João Delgado (BE) quer uma verdadeira "intervenção no mercado imobiliário, através da expropriação/aquisição de prédios devolutos, com vista a criar um parque habitacional amortizável a custos controlados". Destaca que esta é "uma medida a ser realizada prioritariamente no Centro Histórico, em ligação com o respectivo plano de salvaguarda e revitalização".
O candidato do MPT e ex-vereador do CDS/PP, Miguel Brito, centra o discurso na paisagem e no ambiente, reconhecendo que "a prioridade atribuída, nos últimos anos, ao crescimento acelerado - e quase sempre desordenado - da cidade teve como consequência, mais ou menos directa, a absoluta marginalização das questões ambientais e paisagísticas". Brito tem uma das ideias mais "originais" para o Centro Histórico. Enquanto a maioria dos partidos prefere casais jovens, o candidato do MPT sugere "um lar de idosos" na zona do Castelo.
Braga é hoje uma cidade "crescida". E os próximos quatro anos terão como papel "encher" de qualidade de vida", uma população que vive, na maioria dos casos, asfixiada pelo cimento. Nestes últimos meses, a maioria PS inverteu o azimute e apostou em parques, jardins e polidesportivos; os partidos da Oposição prometem mais parques, jardins e mais apoios ao desporto.