<p>Os politólogos Carlos Jalali, António Costa Pinto e Manuel Meirinho acreditam que o resultado das eleições legislativas do último domingo não deverá influenciar as autárquicas de 11 de Outubro. </p>
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Segundo Carlos Jalali, docente da Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas e director do Mestrado em Ciência Política da Universidade de Aveiro, as "dinâmicas locais deverão prevalecer nas eleições autárquicas de 11 de Outubro".
"Há três efeitos possíveis que se podem fazer sentir nas eleições autárquicas devido à proximidade das eleições legislativas, sendo dois deles contraditórios entre si: um efeito de contaminação, outro que poderá tender a contrabalançar os resultados das legislativas e um terceiro efeito que será a prevalência das dinâmicas locais", disse à Lusa Carlos Jalali.
"Acredito que serão as dinâmicas locais a prevalecer nas eleições autárquicas", acrescentou Carlos Jalali, manifestando uma opinião coincidente com as dos politólogos António Costa Pinto e Manuel Meirinho.
Para António Costa Pinto, do Instituto de Ciências Sociais (ICS), a proximidade de três actos eleitorais (eleições europeias, legislativas e autárquicas) poderá ter alguma influência, mas apenas nos grandes centros urbanos.
"Cada vez mais os portugueses distinguem bem as eleições legislativas e autárquicas", defendeu António Costa Pinto, acrescentando que a tendência dos últimos anos aponta, inclusivamente, no sentido de uma "presença cada vez menor dos líderes nacionais na campanha eleitoral para as autárquicas".
O politólogo Manuel Meirinho, professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, também defende que o efeito de contaminação do resultado das eleições legislativas nas autárquicas será "mínimo e apenas nos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto".
"Há uma autonomia muito significativa da competição nas autarquias, que têm uma independência muito grande ao nível das candidaturas e até do formato de competição", disse Manuel Meirinho.
"A transposição de resultados das legislativas para as autárquicas tem sempre efeitos diminutos, porque as autárquicas têm campanhas muito pulverizadas. Não se trata de uma campanha nacional, mas de três centenas de campanhas eleitorais muito específicas, pelo que os efeitos serão muito dispersos", acrescentou.
Manuel meirinho admitiu, no entanto, que "nas Câmaras de Lisboa e do Porto, os candidatos dos partidos que ganharam podem aproveitar não só a dinâmica dos resultados, mas também tentarem capitalizar o efeito de atrair para a campanha pessoas ligadas aos partidos vencedores".
"Mas isto são os chamados efeitos dirigidos e muito focalizados em câmaras que têm algumas expressão nacional, neste caso em Lisboa e, eventualmente, no Porto", frisou Manuel Meirinho, reafirmando que a nível nacional os resultados das legislativas não deverão influenciar as eleições autárquicas de 11 de Outubro.