Rui Moreira candidata-se à Câmara do Porto se tiver certezas de que pode ganhar
O empresário Rui Moreira está a construir uma "candidatura independente" à Câmara do Porto e só não se assume já como candidato por estar a equacionar as possibilidades de vitória, mesmo avançando "livre da lógica dos diretórios partidários".
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"Não vou entrar numa luta em que não tenha a convicção de que vou ganhar", assegurou o empresário, numa entrevista dada, este sábado, à Lusa.
"Estamos a avaliar se há condições políticas e apoios para avançar. Se há condições para construir uma candidatura que ganhe a cidade do Porto. É nessa fase da avaliação que estamos. O financiamento é importante, mas não se trata apenas disso", esclareceu.
Na entrevista, Moreira revela que não vai ser o candidato do CDS, mas não diz se terá o apoio oficial do partido - "Terá de perguntar ao CDS", respondeu.
"Em qualquer circunstância, o projeto da candidatura é muito pessoal. Não estou disponível para negociar programas", vincou.
Candidatura de cariz presidencialista
Rui Moreira esclareceu ainda que a candidatura que quer construir não é "anti-partidos".
"É independente no sentido de ter cariz presidencialista, em que sou eu quem vai definir as ideias, o programa e os métodos", sustentou.
Revelando ter por ambição afirmar o Porto como "cidade cosmopolita e solidária" e como "destino de negócios", Moreira mostrou abertura para ter a colaboração de "pessoas de todas as forças políticas", desde "o CDS ao BE".
"Serei o candidato independente - se for - que verá com bons olhos a participação de pessoas do mais variado espetro político. O que não estou é preso a qualquer lógica partidária, não estou preso aos diretórios, tenho essa liberdade", notou.
Listas para órgãos
Moreira diz já ter "ideias de alguns nomes de pessoas" que gostaria que colaborassem consigo e acredita que "outras passarão a estar disponíveis se acreditarem no projeto.
Questionado sobre se as listas para a Câmara, a Assembleia Municipal e as juntas de freguesia serão compostas apenas por independentes, assegurou que a questão não se coloca.
"Não ponho como condição às pessoas que sejam anti-partidos porque eu também não sou. Este não é um movimento anti-partidos. A ideia é criar uma candidatura independente no sentido de ter uma lógica própria, que é particularmente importante na discussão essencial relativamente ao poder central", defendeu.
Moreira alerta ainda não ter feito qualquer "anúncio de candidatura".
"O que disse foi que havia algumas condições que estavam reunidas, nomeadamente as de foro pessoal. A fase da reflexão pessoal está ultrapassada. Neste momento sinto que tenho condições", observou.
A "perceção de que as candidaturas que até agora conhecidas não se enquadram" no que entende "ser o melhor caminho para a cidade" foi outro contributo para a vontade de avançar.
Gerir uma cidade "não é criar uma ficção"
"Uma candidatura a uma cidade como o Porto não é um concurso de ideias. Gerir uma cidade é criar uma realidade, não é criar uma ficção", avisou.
"Passado esse cenário, entrei numa fase em que estou a ponderar questões de outra ordem: questões objetivas para uma candidatura independente, que estão a ser avaliadas por mim e um núcleo restrito de pessoas que trabalham comigo".
Rui Moreira frisou que "gerir uma cidade não é criar uma ficção" e acusou os candidatos do PSD e do PS de oferecerem "miragens" aos cidadãos.
Questionado sobre se achava que algumas das propostas apresentadas são megalómanas, a resposta foi perentória: "Acho".
"Ouvi um candidato dizer que quer transformar o Porto no maior destino turístico europeu. O maior destino turístico europeu é Paris, que por acaso é o maior destino turístico mundial. Pensar que o Porto pode concorrer com Paris é criar uma miragem", alertou.
"As cidades não avançam com miragens. Temos de avançar a passos certos", frisou.
Rui Moreira revelou mesmo estar na "fase de avaliar se os portuenses compreendem que o que lhes está a ser oferecido por outras candidaturas é uma miragem".
Essa será uma das "condições políticas objetivas" em estudo para a decisão final sobre a candidatura, que não será tomada "antes do fim de fevereiro".
"É uma das fases de avaliação que está em curso: compreender se, depois de alguns anos em que o Porto teve uma visão mais estruturada relativamente à sustentabilidade da cidade, os cidadãos pretendem esse caminho ou preferem acreditar numa miragem", esclareceu.
Moreira acredita que "a grande maioria dos portuenses sabem distinguir aquilo que é possível e realizável daquilo que não é mais do que uma miragem".
"Pensar que podemos entrar nesse campeonato apenas porque interessa avançar com uma bandeira para recolher alguns apoios acaba por distorcer a realidade e isso é realmente preocupante", alertou, referindo-se às "miragens" propostas pelos outros candidatos - Luís Filipe Menezes, do PSD, e Manuel Pizarro, do PS.
Longe de "miragens"
"Ou não é para ser feito ou, se for, trata-se de concentrar excessivos recursos naquilo que é uma miragem e não me parece ser esse o desafio que se coloca à cidade do Porto", vincou.
O fundamental, diz, é "compreender o momento que a cidade atingiu e para onde pode ir daqui para a frente".
Moreira criou o seu próprio tabu em novembro, ao responder a uma pergunta da Lusa sobre uma eventual candidatura dizendo "daqui a uns meses se verá".
Em dezembro, disse ao jornal i que avançaria se não visse "plasmada nas propostas dos outros partidos o pensamento estratégico" que defende para a cidade.
As notícias de uma eventual candidatura surgiram no início de 2012. Em março, Moreira garantiu à Lusa "nunca" ter sido contactado pelo CDS/PP, por Paulo Portas ou qualquer outro partido para avançar com uma candidatura, recusando ser transformado em "candidato fantasma".