Flash interview com Ana Anes, 37 anos, escritora e guionista
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É de um Mundial que Portugal precisa para esquecer o fado da crise?
Não. Portugal precisa é de muitos cartões de crédito novos para irmos aos saldos de Verão e fazermos férias do fado da crise! Mundial também é bom. Eu, pelo menos, sempre pratiquei muito desporto: mapling, canaling e zaping são os meus eleitos. Ganho sempre, o que é muito profilático [risos].
Também acha que foi com Scolari que as mulheres despertaram para o futebol?
Hã?!
Altera alguma coisa na sua agenda para ver os jogos? Ou nem se lembra?
Altero, pois. Há bjecas, caipirinhas, jantaradas e as noites acabam sempre de uma forma muito educativa e para maiores de 18. Havia lá de não me lembrar?!
É-lhe indiferente a fase a que Portugal pode chegar no Mundial?
Claro que não, apesar de poder dizer que sim. É como termos um namorado que andamos sempre a demolir, mas no fundo, até gostamos dele, coitadinho, e queremos que seja o melhor.
Portugal está no Top 10 das selecções favoritas a vencer o Mundial de 2010. Considerando que o vencedor irá receber 25 milhões de euros, seria de obrigar a Selecção, caso vença, a contribuir para a redução do défice?
Não! É deixá-los estar com o dinheiro. Acho um absurdo dizerem que as quantias que se geram no futebol são vergonhosas. O futebol é uma arte, um negócio, e quem me dera a mim saber dar um chuto decente numa bola... de futebol.
Cristiano Ronaldo não ajudou Portugal no play-off em que a Selecção bateu a Bósnia-Herzegovina e até hoje não marcou um golo. O que faz dele a estrela da companhia?
O Linic. Tira-lhe imenso peso de cima.
Conhece a música dos Pink Floyd "Leave the kid alone?" Queiroz usou-a para pedir que deixem Cristiano em paz: "Quanto mais o deixarmos, mais ele marca golos." Acha que esta mesma canção seria aplicável ao primeiro-ministro?
Espere, estou baralhada... Refere-se ao Sr. Sócrates, o tal da Covilhã, o quase engenheiro, o quase escutado, o quase culpado, o quase mártir, o quase herói, o quase genial, o quase catastrófico, o quase benevolente, o quase sádido? Se é esse, foi ele que inventou a música.
Gostava que fosse possível estabelecer no futebol o mesmo tecto de cinco mil euros que Pedro Passos Coelho quer impor nas pensões públicas? Ou em ambos os casos é pura demagogia?
Passos Coelho? O Passos Coelho é giro. Stop.
Rui Tavares retira mensalmente 1500 euros do seu salário como eurodeputado para criar um bolsa de estudo. Consegue imaginar dez dos jogadores portugueses mais bem pagos a seguirem-lhe o exemplo?
Não sei quem é o Rui Tavares, mas: 1) Deve aproveitar ao máximo o tacho enquanto pode ou o deixam; 2) Consigo, pois os jogadores do meu amado Belenenses, são as criaturas mais sacrificadas à face da terra. Olhe, se esse Rui Tavares quiser dar o dízimo do tacho ao plantel do Belém, eu voto nele. (Já agora, ele não é de Esquerda, pois não? Assim, custava-me mais, mas pronto, lá teria de ser.)