Soar acessível sem cair no facilitismo, exigente sem parecer arrogante, pode parecer uma missão impossível, quase tão utópica como pedir ao Luisão para que não confunda um árbitro com um saco de pancada. Mas foi o que, grosso modo, conseguiram em Coura os Temper Trap, cultores de um rock que não se afasta em demasia dos territórios indie mas que não se deixa aprisionar nos mesmos.
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Tais predicados fizeram com que os australianos conquistassem sem dificuldades de maior a sempre exigente plateia de Coura, que, porém, se mostrou mais fervorosa com os temas extraídos do primeiro disco, "Conditions". Com toda a razão, aliás: o homónimo segundo disco da banda está longe de repetir o brilho do seu antecessor.
É verdade também que a voz de Dougy Mandagi faz por vezes lembrar em demasia a de Jimmy "Batatinha" Sommervile, dos Communards, e que existe uma evidente sobrecarga nos coros em falsete, mas o concerto protagonizado em Coura - o segundo em três anos - saldou-se por um balanço, apesar de tudo, francamente positivo.
Não é exagero algum dizer que os Sleigh Bells - uma das 15 bandas estreantes do festival - deixou poucos indiferentes. Não apenas pelos evidentes méritos performativos (e não só...) de Alexis Krauss, mas pela invulgar carga decibélica que fizeram descarregar sobre o recinto, o qual, em mais do que uma ocasião, quase que parecia desabar.
A intensidade foi a nota maior de uma atuação que, pela reação provocada em boa parte dos presentes, deverá ditar o regresso em breve dos nova-iorquinos aos palcos nacionais.