Todos pela reabilitação e contra a especulação, na corrida à Câmara do Porto
Quase ninguém se atravessou pela suspensão da demolição do Aleixo. Luís Filipe Menezes, Manuel Pizarro e Rui Moreira reconheceram que o realojamento dos moradores daquele bairro em locais distantes não é um boa política social, mas todos se refugiaram na falta de conhecimento sobre o processo para se escusarem a garantir que, caso vençam as eleições, vão parar a operação. Apenas Pedro Carvalho e José Soeiro defenderam a paragem imediata em curso.
Corpo do artigo
No debate realizado esta quinta-feira à noite no Porto Canal, único momento que reuniu todos os candidatos autárquicos ao Porto, a reabilitação da cidade gerou mais consenso do que discórdia. Todos os candidatos querem mais financiamento do Estado, todos defendem que deve ser alargado a toda a cidade e não ficar circunscrito ao Centro Histórico, todos pretendem usar o plano fiscal para penalizar quem não reabilita e beneficiar quem reconstrói.
As diferenças de propostas prendem-se sobretudo com o novo modelo de investimento: Menezes, do PSD, defende mais verbas privadas; o independente Moreira exige que o Governo pague "como pagou a Expo 98"; Nuno Cardoso, também independente, assegura que é preciso reabilitar mais com menos dinheiro; Pizarro, do PS, quer envolver instituições na reabilitação e criar fundos de apoio aos proprietários.
As críticas à Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) partiram, sobretudo, de Pedro Carvalho, da CDU, e de José Soeiro, do BE, que recusam uma filosofia segundo a qual jovens e pessoas com menos posses não conseguem comprar, mas também a Pizarro que contestou o que diz ser "a higienização do Centro Histórico".
Até aqui tudo foi mais ou menos pacífico. As picardias vieram a seguir, com Rui Moreira a acusar Menezes de fazer tantas propostas e megalómanas que até se esquece delas. Resposta pronta: "Pedia-lhe que não fosse demagogo. O senhor propõe escadas rolantes desde o rio até ao mar e critica-me por projetos megalómanos!".
Pizarro entrou na discussão para garantir que, ao contrário do candidato do PSD, não gastará um tostão a fazer novas pontes para Gaia, sublinhando que o importante é garantir que a Câmara do Porto "continue a pagar aos seus fornecedores a menos de 30 dias". E deixou outra farpa a Menezes: não vai gastar dinheiro a comprar livros escolares para quem não precisa.v