<p>Hoje como no passado, a reabilitação da Baixa continua a ser um dos principais problemas do Por-to reconhecido por todos. Rui Rio fala em 700 prédios em recuperação com a Porto Vivo, mas os opo-sitores crêem que isso não basta. </p>
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A candidata do PS, Elisa Ferreira, vê méritos na sociedade de reabilitação urbana, mas ataca os preços elevados das casas renovadas e defende o envolvimento das cooperativas de habitação para pôr no mercado fogos com rendas moderadas. O objectivo é inverter o "esvaziamento" da cidade, em particular a perda de jovens. O mesmo ambicionam os restantes candidatos à Câmara. "Temos seis ou sete pequenos pólos de edifícios de luxo a serem requalificados. O resto são casas vazias e emparedadas", condena Elisa Ferreira.
Rui Sá, pela CDU, entende que o modelo da Porto Vivo, em que o grosso do investimento na recuperação do edificado é privado, não serve para o Centro Histórico. A par do acordo com as cooperativas de habitação, quer reabilitação com dinheiros públicos. "O interesse colectivo da cidade não deve estar subjugado ao interesse privado. A reabilitação pode ser uma forma de combate à crise económica e ao desemprego. Deve ser o Governo a disponibilizar financiamento para a reabilitação das cidades", argumenta Rui Sá.
João Pinto, candidato do PCPT-MRPP, - que defende o fim do Município substituindo-o por uma gestão supra-municipal da região - acha que a recuperação da Baixa é um processo muito lento. "Com este ritmo, nem daqui a 50 anos o Porto estará reabilitado", remata. Já João Teixeira Lopes, do BE, critica a recuperação de "só um prédio com fundos públicos" e propõe uma bolsa municipal de arrendamento.
"Se os senhorios não querem recuperar os prédios, o Estado e a Câmara tomariam posse desses edifícios, reabilitando-os e colocando-os no mercado de arrendamento a preços controlados por 10 anos até pagar o investimento público. Isso animaria a economia e seria uma pressão deflacionária no mercado de arrendamento", atenta Teixeira Lopes.
Para Rui Rio, que se recandidata pelo PSD/PP, é "inegável que a Baixa está mais animada" e que o ritmo de recuperação de edifícios é superior ao que existia há oito anos. Porém, realça os milhões investidos na reabilitação dos bairros sociais e em 38 escolas primárias do concelho. "Se os bairros não têm sido cuidados e se tivessem ao abandono como o PS deixou, hoje tínhamos um conjunto de bairros degradadíssimos, o que em termos de justiça social e de segurança urbana seria um caos", sustenta. A olhar para o futuro, o autarca coloca a competitividade e o emprego entre as prioridades .
"Fizemos um esforço para a captar investimento para as parcerias público-privadas para reabilitar edifícios emblemáticos", especifica, enunciando os casos dos mercados do Bolhão, do Bom Sucesso e do Ferreira Borges, do Pavilhão Rosa Mota e da Pousada do Freixo. Rio crê que as intervenções gerarão emprego, sobretudo nos sectores do Turismo e da Ciência. O próximo passo é criar um organismo próprio para "captar investimento estrangeiro ou nacional".
Se amanhã for eleita presidente da Câmara, Elisa Ferreira resolverá, no imediato, as "bombas-relógio" montadas por Rui Rio. "Uma é o Parque da Cidade devido à forma como o dossiê foi gerido nestes oito anos, mas há outros processos que não tiveram evolução ou foram remendados à pressa a dois meses das eleições. Falo dos mercados do Bom Sucesso e do Bolhão, da Praça de Lisboa e do Aleixo. São matérias em risco de se desagregarem. Depois, darei sequência aos meus três objectivos: emprego, habitação e qualidade de vida", conclui a candidata.