"O Povo Vencerá!", prometeu quinta-feira um coro de 200 apoiantes do PCTP/MRPP no último jantar da campanha eleitoral, após quatro horas de convívio e ovações de pé ao histórico Arnaldo Matos e aos 43 minutos de discurso de Garcia Pereira.
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Numa cervejaria lisboeta, o cabeça de lista por Lisboa às legislativas de domingo renovou as queixas de discriminação por parte da "querida Comunicação Social", a qual acusou de "silenciar a única candidatura que apontou uma alternativa ao memorando da 'troika' porque quem manda neste País são os bancos".
"O Povo não tem de pagar uma dívida que não contraiu e da qual em nada beneficiou. Nesta campanha ninguém ousou falar do memorando da 'troika' e do que ele implica em perda dos mais variados Direitos por parte do Povo. Este acordo só serve os três partidos (PS, PSD e CDS-PP) lacaios do imperialismo capitalista", declarou Garcia Pereira.
O dirigente do Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses/Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado justificou também a ausência dos debates televisivos, impostos por ordem judicial depois de uma providência cautelar bem sucedida, por não poder chamar "na tromba aos partidos do Arco Parlamentar aquilo que eles são -- traidores à Pátria, indivíduos que venderam o País a retalho".
"Quiseram fazer-nos cair numa armadilha, colocando-nos a debater com os outros partidos que não têm assento parlamentar, mas nós não caímos porque os princípios não se traficam. Não nos vendemos", disse, voltando a classificar as eleições como uma "fraude" e reiterando as queixas de que houve "cinco candidatos que debateram sozinhos".
A primeira e emocionada ovação da noite premiou as palavras de Arnaldo Matos, antigo líder e fundador do MRPP. Para aquele militante, "o PS merece ser enterrado vivo, mas a vitória suprema era eleger o camarada Garcia Pereira para o Parlamento".
"O Povo português poupa hoje menos do que há 50 anos, no tempo do Salazar, e não é que esse gajo prestasse. As crises são sempre boas mas é para os capitalistas porque as aproveitam para cortar ainda mais no valor do trabalho e dos instrumentos de produção", afirmou, recebendo "vivas" da plateia, a qual incitou à "luta da sobrevivência contra a burguesia e o capitalismo".
Antes, dois jovens candidatos do PCTP/MRPP, por Lisboa e por Setúbal, tinham exposto as suas posições e testemunhos das dificuldades com o emprego, afirmando estar "fartos" da "ditadura da Comunicação Social", da "teoria do voto útil", do "conformismo dos eleitores" e dos "sacrifícios e da austeridade".