A questão foi a mesma para todos: qual o maior problema de Matosinhos? A resposta foi quase sempre imediata: o desemprego. De olho nas estatísticas, os candidatos à Câmara fazem promessas e apontam soluções.
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Matosinhos não é o concelho da Área Metropolitana do Porto com mais desempregados (Gaia vai muito à frente), mas a curva tem vindo a subir de forma "preocupante". Assim o entendem os candidatos à Câmara Municipal, ainda que façam leituras muito distintas dos números do Instituto de Emprego.
"Mais 28% de desempregados num ano", contabiliza Honório Novo (CDU); "um em cada três jovens estão desempregados", analisa Narciso Miranda (independente); "subiu 20% em Julho", citica Fernando Queirós (Bloco de Esquerda); "está 12% abaixo do final do mandato anterior", garante Guilherme Pinto (PS). Afinal, em que ficamos? É preferível olhar os números brutos. No passado mês de Agosto, Matosinhos registou 8736 desempregados; no mesmo mês do ano anterior, eram 6897; em Outubro de 2005, final do mandato anterior, eram 9874.
Os candidatos não se entendem na contabilidade, mas, entre as medidas apresentadas para combater o desemprego, há várias que convergem. A redução - ou mesmo isenção - das taxas municipais (derrama, IMI e IMT) para atrair a fixação de empresas são transversais a quase todas as candidaturas. A criação de ninhos de empresas e de parques industriais também entram no rol de soluções. Depois, há promessas mais específicas.
Guilherme Pinto, actual presidente, acena com 6000 novos empregos. Narciso Miranda quer criar postos de trabalhos nos bairros com a criação de empresas de serviços, nomeadamente, gestão de condomínios, limpezas, manutenção de equipamentos e jardins. Fernando Queirós propõe um programa de reabilitação do edificado degradado que, ao mesmo tempo, promove emprego, requalifica o tecido urbano e aumenta a qualidade de vida.
Mas nem só de desemprego se fala em Matosinhos. José Guilherme Aguiar (PSD) elege as assimetrias como uma das principais feridas do Município. "Há vias estruturantes a retalhar o concelho, há freguesias cortadas a meio, há um tratamento diferente da Câmara para as freguesias da orla costeira e do interior", resume. Outra falha é a "inexistência de um plano de mobilidade e estacionamento". "Para quê bandeiras azuis se não há acesso directo à maioria das praias?", questiona José Guilherme Aguiar. Para o social-democrata, o "tratamento desigual" da Câmara está na base de problemas como a falta de saneamento, permitindo que ainda haja "muitos esgotos a céu aberto".
Guilherme Pinto desmente, garantindo que, dentro em breve, a cobertura de saneamento será de 100%.
Honório Novo também aponta o dedo às "escorrências nos passeios" e às ribeiras poluídas. O comunista advoga o fim da concessão dos SMAS à Indáqua, para que a Câmara possa concluir o saneamento, despoluir rios e ribeiras, recorrendo a fundos comunitários. Por outro lado, o candidato da CDU quer mais habitação social, "construída de forma integrada", e a eliminação das "dezenas de ilhas que ainda existem".
Narciso Miranda também apresenta um pacote de medidas sociais. "Nos últimos quatro anos, a Câmara construiu oito casas. Queremos retomar uma política de habitação assente no movimento cooperativo e no programa Prohabita", destaca, prometendo ainda legalizar todas as casas clandestinas.
Nota: O JN está a publicar, até dia 9, uma série de trabalhos sobre as eleições autárquicas. Amanhã: FELGUEIRAS