A grande celebração popular que é a Comic Con já começou na Exponor: até domingo, são mais 220 horas de programação, 35 ativações e 150 marcas espalhadas por um recinto composto por sete pavilhões.
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O regresso da Comic Con à Exponor tardou, mas já se está a provar prazeroso e um sucesso. Como se esperava, o primeiro dia refletiu tranquilidade, num recinto espaçoso e ainda sem multidões. Ao ocupar a totalidade da Exponor, este evento transformou-se em algo mágico, pensado para todos os gostos e todas as idades.
Sorrisos, tranquilidade e muito que explorar. Foi assim o arranque do evento que deixou tantas saudades entre os seus frequentadores. “Era muito importante no nosso aniversário voltar a um espaço familiar”, avançou ao JN Paulo Rocha Cardoso, CEO da Comic Con Portugal.
A entrada este ano faz-se pelo lado direito do recinto, ao ar livre. Aproveitando o bom tempo da primavera, salta logo à vista o primeiro de dez palcos. Nem tudo ronda a década, porém, a magnitude atual do evento deve-se a dez anos árduos de desafios e memórias eternas.
Foram muitos meses de negociação, mas os fãs, até de outros cantos portugueses, agradecem e apreciam o regresso à casa que viu a Comic Con florescer, atingindo o elevado calibre que é atualmente.
O JN encontrou, logo na entrada, uma família com a tradição fiel de guardar as datas do evento na agenda. Rita Barradas e Luís Bettencourt, de Lisboa, viajam de propósito até ao Porto, desde a primeira edição, para não perder a Comic Con. “Está a ser um regresso em grande. Houve ali um momento a meio onde perdeu um bocadinho a essência. Mas nesta mostram que podem voltar a ser a grande Comic Con que já foram”.
Curiosamente, principalmente devido à pandemia, faltaram às edições em Lisboa. “São diferentes, sem dúvida. Viemos propositadamente e voltaremos a vir. Em Lisboa, foi diferente, era ao ar livre, portanto estava condicionado pelo tempo e achamos que não teve tanta adesão de cosplayers e banda desenhada”.
Acessibilidade e inclusão
Desde legendas automáticas a uma sala sensorial, a postos de informação da Associação Sunflower Hidden Desabilites, indicada para auxiliar pessoas com possíveis deficiências ocultas, o recinto está apetrechado para as mais variadas valências. “Quisemos também adaptar esta realidade aos nossos fãs e que estejam cá e que possam desfrutar”, garante o diretor do evento.
Ao implementar estas medidas, a Comic Con demarca-se como o primeiro evento em Portugal e da cadeia de franchise a implementar este nível de acessibilidade.
“Os nossos voluntários e a nossa equipa de produção estão consciencializadas para ter um cuidado maior às necessidades mais especiais dos nossos visitantes”, assegura o CEO. A importância de pensar a fundo o que significa a inclusão, parte do próprio. “É muito importante que as pessoas se sintam confortáveis. Achamos que foi extremamente importante dar força à mensagem que tanto nos definiu nestes anos”.
O próprio responsável compreende a necessidade para “que este ano haja mais inclusão”, pois “agora sou biónico”, partilha em conferência de imprensa, enquanto coloca o aparelho auditivo, após a primeira apresentação da Comic Con, pronto para responder a perguntas, no Palacete dos Viscondes de Balsemão, na passada terça, dia 19.
O que vem aí
Como a família Barradas-Bettencourt frisou, uma década de Comic Con, mesmo sendo esta a 9.ª edição, é um feito em Portugal. Começou com um desejo intenso, com aquele sonho que perdurou desde a infância. “I just want to be a super-hero” ("só quero ser um super herói", em português).
O efeito após 2014 foi contagiante. Em pouco tempo transformou-se num espaço seguro, onde se pode ser o que quiser. Daí o regresso ao mote de 2016, ano em que foram reconhecidos pela máxima “be whatever you want” ("sê o que quiseres", em português).
Com perceções alteradas, a Comic Con cresceu e ramificou-se pelo país, de Braga, a Albufeira. O reconhecimento acabou por estender-se até lá fora. “Alguns profissionais pararam de propósito as produções para virem até à Comic Con”, admite o CEO.
Reconhece ainda como “Hollywood tem sempre um grande peso em todas as decisões. Este ano, a greve dos argumentistas, criou algum turbilhão na calendarização e programação de todas as antestreias. Ainda estamos a avaliar”.
Durante conferência de imprensa, confessou como “há sempre alterações à última da hora”, no entanto, o esforço acabou por ser recompensado. Mesmo num dia calmo, o entusiasmo era evidente. A cada pavilhão foi notável a explosão de curiosidade pelas infinitas experiências, novidades, pessoas, heróis.
E esta sexta há mais. A programação será mais carregada de caras reconhecidas, incluindo a atriz irlandesa Evanna Lynch, do acarinhado universo Harry Potter, ainda André Lamoglia, ator brasileiro da série “Elite” ou o reconhecido escritor de banda desenhada Mike Grell.