O porta-voz do Grupo covid-19 para a Comunidade de Madrid, Emilio Bouza, demitiu-se do cargo dois dias depois de aceitar o convite, na sequência das divergências entre governo central e regional.
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O desencontro entre o Executivo espanhol, liderado por Pedro Sánchez, e o governo regional madrileno, presidido por Isabel Diaz Ayuso, na forma de gerir a pandemia levou à demissão do porta-voz do Grupo Covid-19 para a Comunidade de Madrid, Emilio Bouza, apenas dois dias após ser nomeado para o cargo.
"Acreditei no que me prometeram e, após umas horas de reflexão, aceitei o convite, por entender o que me pediram como uma obrigação e um dever para com a minha comunidade e a minha nação", começou por explicar Bouza, em comunicado, no sábado à noite.
"As circunstâncias que presenciei nos dois dias seguintes, em conjunto com a observação das conferências de imprensa simultâneas de dia 25, obrigaram-me a renunciar ao convite", explicou Emilio Bouza. "Sem dúvida alguma continuarei a trabalhar em favor dos cidadãos de Madrid e de Espanha, com a melhor da vontades", acrescentou o efémero porta-voz, que tem uma longa carreira de especialista em virologia, tendo sido chefe do Serviço de Microbiologia e de Doenças Infecciosas do hospital Gregorio Marañón, em Madrid.
A Comunidade de Madrid estendeu na sexta-feira as restrições de mobilidade para tentar controlar a propagação da pandemia a mais oito áreas, mas não as estendeu a toda a capital, conforme tinha solicitado o Ministério da Saúde, Salvador Illa, que aconselhou, no sábado, o governo regional madrileno a rever as medidas de combate à covid-19, numa altura em que a capital volta a ser o epicentro da pandemia e os números no país continuam a aumentar.
O ministro Salvador Illa mostrou-se "muito preocupado" com a situação na capital espanhola e alertou que se trata de um "risco sério" para os cidadãos de Madrid. "É hora de agir com determinação para assumir o controlo da pandemia e, ouvindo a opinião da ciência, quebrar a curva neste território", sublinhou o ministro da Saúde, citado pela agência EFE.
O governante defendeu que as medidas já aprovadas pela comunidade autónoma de Madrid, liderada por Isabel Díaz Ayuso, passem a estender-se "a toda a cidade de Madrid e a todas as populações desta comunidade que tenham uma incidência acumulada nos últimos 15 dias de mais de 500 casos por 100 mil habitantes".
Os critérios do Governo regional para escolher as áreas com restrições continuam a ser três: ultrapassar a incidência acumulada de mil casos do novo coronavírus por 100 mil habitantes, que essa tendência seja estável ou crescente e que a contiguidade geográfica facilite o controlo de mobilidade.
A capital espanhola voltou a ser o epicentro da pandemia no país, que notificou na sexta-feira, segundo os números oficiais, 12.272 novas infeções de covid-19, sendo 23% destas em Madrid, e um total de 4.122 casos confirmados nas últimas 24 horas.
Espanha regista já um total de 716.481 casos de covid-19 e 31.242 mortos, mais 114 que na quinta-feira, e um total de 475 mortes nos últimos sete dias.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 993.438 mortos e cerca de 32,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Na Europa, o maior número de vítimas mortais regista-se no Reino Unido (41.971 mortos, mais de 429 mil casos), seguindo-se Itália (35.818 mortos, mais de 308 mil casos), França (31.661 mortos, mais de 513 mil casos) e Espanha (31.232 mortos, mais de 716 mil casos).