Embaixadores da NATO reúnem-se a pedido da Polónia devido a incidente que deixa Mundo em alerta.
Corpo do artigo
No dia em que a Rússia lançou mais de 90 mísseis em várias cidades ucranianas, o alerta soou no Ocidente, principalmente nos países membros da NATO, quando ao final do dia de ontem caíram dois mísseis na vila polaca de Przewodów, a dez quilómetros da fronteira com a Ucrânia. A explosão matou duas pessoas, um agricultor e um funcionário, que estariam a pesar milho após a colheita.
O Governo polaco reuniu de emergência a Comissão de Segurança Nacional devido a uma "situação de crise", confirmando a informação algumas horas mais tarde. Após o encontro, a Polónia aumentou o nível de prontidão das forças armadas e a NATO começou a preparar para hoje, a pedido das autoridades do país, uma reunião ao abrigo do artigo 4.º, que obriga à realização de uma reunião de emergência, após a violação da "integridade territorial, independência política ou segurança" de um estado-membro.
O presidente ucraniano defendeu que o incidente é um "ataque à segurança coletiva" e uma "escalada muito significativa" da Rússia no conflito, mas o Ministério da Defesa russo negou responsabilidade no incidente e falou de "provocação deliberada" do Ocidente.
Os países vizinhos, entre os quais a Letónia, Estónia e Lituânia, demonstraram "solidariedade" à Polónia e disseram "estar prontos para defender cada centímetro da NATO". Jens Stoltenberg, secretário-geral da Aliança Atlântica, foi mais cauteloso e afirmou que "é importante que todos os factos sejam apurados".
Ataque em massa
Um dia após a visita de Zelensky a Kherson, a Rússia respondeu ontem com um ataque em massa em várias cidades do país. Na capital ucraniana, foram atingidos três edifícios residenciais e pelo menos uma pessoa morreu. Explosões foram ouvidas em regiões como Lviv, Kharkiv e Chernihiv.
Os bombardeamentos aconteceram no mesmo dia em que os líderes do G20 se reuniam na Indonésia e condenaram a guerra. Na mesma altura, o líder ucraniano defendeu que "é tempo" de acabar com a guerra "destrutiva" da Rússia. Para o representante permanente da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, com estes ataques a Rússia "cuspiu na cara" dos participantes do G20.
No total, foram lançados mais de 90 mísseis russos, que terão tido como alvo infraestruturas críticas de energia. Com mais de sete milhões de habitações sem eletricidade, o conselheiro presidencial ucraniano Kyrylo Tymoshenko disse que a situação energética no país era "crítica". O problema sente-se em particular na capital, onde metade da cidade está às escuras. Os governadores de Kharkiv, Lviv e Sumy anunciaram falhas no fornecimento de energia e interrupções nas comunicações móveis, mas os cortes expandiram-se à Moldávia, devido a danos causados num importante cabo de energia.
Esta foi a primeira investida em mais de uma semana, período durante o qual as tropas russas se retiraram de Kherson, sob ocupação desde fevereiro. Vários líderes louvaram a reconquista, mas Stoltenberg alertou para o "erro" que seria "subestimar a Rússia". Os ataques durante o encontro do G20 fazem lembrar outras demonstrações da força russa, como o bombardeamento de Lviv durante a visita do presidente dos EUA, Joe Biden, à Polónia, em março, ou a investida em Kiev, quando António Guterres esteve de visita à capital em abril.