O grupo islamita Hamas anunciou que 300 mil deslocados já entraram em território palestiniano no norte de Gaza, através da estrada Rashid, que atravessa o enclave de norte a sul.
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"Mais de 300 mil deslocados regressaram hoje (...) às províncias (...) do norte" de Gaza, indica um breve comunicado do gabinete de imprensa do Governo do movimento islamista palestiniano, citado pela gência AFP.
Esta segunda-feira, às 7 horas locais (5 horas em Portugal continental), Israel abriu o acesso a pé pelo corredor Netzarim, a estrada que dividia Gaza em duas partes construída pelo exército israelita durante a guerra, para deixar entrar centenas de milhares de pessoas deslocadas no ano passado.
O norte do território, para onde estão a regressar, inclui a cidade de Gaza e as vilas de Yabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun (a que é conhecida como a província do Norte), sendo um dos setores mais afetados pela ofensiva israelita, especialmente a última das três cidades, no extremo norte de Gaza.
Imagens divulgadas pela agência de notícias palestiniana Wafa mostravam centenas de pessoas a caminhar com os seus pertences pela estrada Rashid, junto à costa.
O regresso dos palestinianos ao norte da Faixa de Gaza aconteceu depois do Catar ter anunciado, no domingo, que foi alcançado um acordo para libertar uma refém civil israelita, aliviando a primeira grande crise do cessar-fogo entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.
Destruição de 90%, Hamas pede 135 mil tendas
O governo do Hamas avisou ainda, esta segunda-feira, que a população do norte precisa “imediata e urgentemente” de 135 mil tendas, dada a devastação na área, para onde se dirigem dezenas de milhares de pessoas deslocadas pela guerra.
“O povo palestiniano nas províncias de Gaza e do Norte (ambas na metade norte do enclave) precisa de 135 mil tendas e caravanas agora, imediatamente e com urgência, pois a percentagem de destruição levada a cabo pelo exército de ocupação israelita ultrapassa os 90%”, afirmaram as autoridades controladas pelo grupo islamita Hamas.
O apelo foi dirigido à comunidade e às organizações internacionais, à ONU e aos países árabes, tendo sido pedido que facilitem o acesso da população aos bens básicos.
Gaza tornou-se um território atravessado por 42 milhões de toneladas de escombros, de acordo com dados da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA).
Além disso, restos de amianto e outros materiais tóxicos entre os escombros representam um risco para a saúde da população.