Sete por cento dos padres da Igreja Católica na Austrália foram acusados de abusarem sexualmente de crianças, ao longo das últimas décadas, revelou um advogado na segunda-feira, quando investigações oficiais estão a revelar a dimensão da situação.
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As estatísticas foram divulgadas durante a abertura de uma audição promovida pela Comissão Real australiana sobre Respostas Institucionais ao Abuso Sexual de Crianças e, segundo o relatório divulgado na segunda-feira, quase 4.500 pessoas denunciaram abusos sexuais a menores perpetrados por membros da Igreja católica na Austrália entre 1980 e 2015.
A Comissão Real -- que é a principal forma de inquérito no país -- tem investigado desde 2013 a forma como a Igreja Católica e outras instituições responderam ao abuso sexual de crianças ao longo de décadas.
A comissão já ouviu testemunhos de várias pessoas que sofreram abusos às mãos dos religiosos. Mas a verdadeira dimensão do problema nunca foi clara até segunda-feira, quando a comissão divulgou as estatísticas que reuniu.
Os comissários ouviram as autoridades da Igreja Católica e apuraram que, entre 1980 e 2015, houve 4.444 pessoas que disseram ter sido abusadas em mais de mil instituições católicas através da Austrália, disse Gail Furness, o principal advogado a assessor a comissão.
A idade média das vítimas era de 10,5 anos para as raparigas e 11,5 para os capazes.
No total, sete por cento dos padres na Austrália, entre 1950 e 2010, foram acusados de abuso sexual de crianças, disse Furness.
"Das 1.880 pessoas identificadas como alegadas perpetradoras [dos crimes], 597 eram religiosos, 572 sacerdotes, 543 laicos e 96 eram religiosas", disse Furness.
Nos EUA, quando o escândalo dos abusos sexuais praticados por religiosos chegou à luz do dia, houve 5,6% dos padres que foram acusados de molestar crianças entre 1950 e 2015, segundo os relatórios dos bispos norte-americanos analisados pelo sítio BishopAccountability.org, que segue a informação sobre abusos de padres.
O relatório final da comissão deve ser elaborado até ao final do ano.
Cerca de um quarto dos australianos identificam-se como católicos.