A embarcação, que terá partido em janeiro da Mauritânia, foi encontrada no litoral do Pará. As autoridades encontraram 25 capas de chuva, apesar de só terem confirmado a existência de nove mortos, suspeitando tratar-se de um caso associado a uma organização criminosa, "que está a enriquecer com a tragédia humana".
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Pescadores brasileiros encontraram, no sábado, oito corpos em decomposição num barco à deriva no Pará, no norte do Brasil. Junto à embarcação, na água, estava outro corpo, com as autoridades a acreditarem que provavelmente fazia parte do mesmo grupo de vítimas. Num balanço realizado na terça-feira, a polícia esclareceu que a análise dos documentos permitiu concluir tratarem-se de migrantes africanos.
"Documentos e objetos encontrados junto aos corpos apontam que as vítimas são migrantes da região da Mauritânia e Mali", anunciou a Polícia Federal, em comunicado.
De acordo com o G1, os peritos vão analisar as amostras de ADN e enviar os resultados para a Interpol, de forma a perceber se as vítimas integram a lista de desaparecidos da polícia internacional. Embora acreditem que os migrantes possam ter morrido de fome e desidratação, prosseguem as investigações para apurar as causas da morte e as circunstâncias do incidente.
O barco foi encontrado junto à praia de Ajuruteua, em Bragança, no estado do Pará. Os investigadores acreditam que a embarcação, sem leme nem motor, tenha saído da Mauritânia depois de 17 de janeiro, com destino à ilhas Canárias.
No entanto, em declarações ao mesmo jornal, o oceanógrafo Yuri Prestes explicou que as correntes marítimas e os ventos do oceano Atlântico devem tê-la levado da costa africana para o litoral brasileiro. "Ficaram totalmente à mercê do sistema de correntes oceânicas e obviamente que, sem nenhum tipo de motor, é possível que isso ocorra", sublinhou.
A polícia não descarta a possibilidade de terem estado 25 pessoas no barco, suspeita baseada no facto de terem encontrado 25 capas de chuva, normalmente utilizadas por migrantes ilegais.
"Localizámos diversas capas de chuvas idênticas, o que demonstra que há uma organização por trás disso", frisou José Roberto Peres, superintendente da Polícia Federal, sugerindo que as vítimas possam ter comprado o lugar na embarcação. "Há uma organização criminosa a enriquecer com a tragédia humana da imigração ilegal", constatou.