Descobriu que tinha sido infetado com o vírus apenas quando saiu dos cuidados intensivos, após 57 dias a lutar pela vida num hospital de Madrid, Espanha.
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Julio Lumbreras foi levado para a unidade de cuidados intensivos do hospital de Torrejón, comunidade de Madrid, a 27 de fevereiro, ainda a pandemia não tinha atingido em força Espanha, nem ele sabia que estava infetado.
Pai de cinco filhos, Julio começou a sentir sintomas parecidos com a gripe e foi diagnosticado com pneumonia. A história deste doente, o que mais dias lutou pela vida numa unidade de cuidados intensivos, ao todo 57, é contada pelo diário espanhol "El País".
A história de Julio foi acompanhando a montanha de informação que por essas semanas surgia. O vírus ainda nem tinha sido batizado como SARS-CoV-2 e só depois de uma amostra colhida dos pulmões, muitos dias mais tarde, descobriram que estava infetado.
Foi entubado. Era um caso crítico. No ventilador, Julio foi sendo tratado com tudo o que se ia sabendo que poderia resultar, mas as melhorias só chegaram em abril.
O ministério da saúde espanhol diz que, em média, os doentes permanecem entre 20 e 28 dias nos cuidados intensivos, mas Julio passou o dobro, 57 dias.
Saiu dos cuidados intensivos quarta-feira, com os aplausos de toda a equipa médica que o tratou e o filho conta que ia apontando para a televisão, estupefacto com um mundo diferente do que existia quando a consciência se apagou.
Esperam-lhe meses de recuperação, das capacidades motoras e cognitivas, dois meses depois de lutar contra a morte.
O confinamento impediu a família de estar junta. Mas a unidade onde este doente foi internado é uma exceção e permitiu à mulher que o visse todas as tardes.
"Se deixarmos que os pacientes sofram e morram sozinhos porque não temos equipamentos de proteção individual, precisamos de refletir sobre o tipo de sociedade que somos", afirmou Gabriel Heras, diretor do projeto de humanização dos cuidados intensivos do hospital.