Continua este domingo a retirada, a conta-gotas, de civis ucranianos retidos na fábrica Azovstal, na cidade de Mariupol, martirizada pela guerra, que já motivou a abertura de nove mil processos relacionados com crimes de guerra. Zelensky voltou a lançar apelos aos soldados russos para travarem o conflito. E a Rússia gabou-se do ataque que destruiu um hangar com armas e munições vindas da Europa e dos Estados Unidos. Eis os pontos-chave deste 67.º dia de guerra.
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- Cerca de 100 civis já foram retirados da fábrica metalúrgica Azovstal, na cidade portuária de Mariupol, sitiada pelas forças russas há vários dias, confirmou o presidente ucraniano, a propósito da operação de evacuação do local, onde continuam cerca de 900 civis e dois mil soldados. "Agradeço à nossa equipa. Agora, juntamente com a ONU, estamos a trabalhar na retirada de mais civis da fábrica", escreveu Zelensky no Twitter. A ONU confirmou que a operação de retirada de civis do reduto da fábrica prossegue em coordenação com o Comité Internacional da Cruz Vermelha. Os civis retirados foram encaminhados para um centro de acolhimento de Bezimenne, na região de Donetsk. Veja vídeo do momento aqui.
- A justiça ucraniana já abriu mais de nove mil processos relacionados com supostos crimes de guerra cometidos pelas forças russas durante a invasão. "Até o momento, temos 9158 casos de crimes de guerra", anunciou, este domingo, a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, em declarações citadas pela agência de notícias EFE. Segundo a responsável, todos os dias surgem "motivos para iniciar, mais e mais, novos casos" relacionados com a morte de civis e a deportação de ucranianos para os territórios ocupados ou para território russo. "Na região de Kiev, há 15 pessoas que levaremos à justiça por tortura, violação e roubo", acrescentou.
- Falando ao país e ao mundo, num vídeo divulgado no sábado à noite, Volodymyr Zelensky pediu aos soldados da Rússia que se recusem a lutar na Ucrânia, dizendo que até os generais de Moscovo esperam que milhares de tropas russas morram nas próximas semanas. "Os comandantes russos estão a mentir aos seus soldados quando lhes dizem que podem esperar ser seriamente responsabilizados por se recusarem a lutar. Não lhes dizem, por exemplo, que o exército russo está a preparar camiões frigoríficos adicionais para armazenar os corpos. Eles não lhes contam sobre as novas perdas que os generais esperam", acrescentou o presidente ucraniano.
- A presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, que hoje se encontrou com Zelensky em Kiev, prometeu que Washington irá apoiar a Ucrânia "até alcançar a vitória" na guerra, defendendo que "não se pode ceder a um rufia". Leia mais aqui.
- A atriz norte-americana Angelina Jolie, que está em visita a Lviv, na Ucrânia, e que visitou um hospital que alberga crianças feridas, teve de refugiar-se num bunker depois de ter soado a sirene de ataque aéreo enquanto estava na estação ferroviária, que abriga refugiados. Apesar do susto, vários vídeos que circulam nas redes sociais mostram a estrela de Hollywood calma enquanto se ausentava do local. Veja vídeo do momento aqui.
- O Ministério da Defesa russo informou, este domingo, que o ataque de ontem ao aeroporto de Odessa, no sul da Ucrânia, com mísseis de alta precisão, serviu para destruir um hangar com armas e munições que o exército ucraniano terá recebido dos Estados Unidos e de países europeus. Leia mais aqui.
- O Papa Francisco voltou a expressar preocupação com a guerra na Ucrânia, que considerou um "recuo macabro" para a humanidade. "Os meus pensamentos vão para Mariupol, cidade de Maria, barbaramente bombardeada e destruída. Agora, e daqui, renovo o pedido para que garantam corredores humanitários para as pessoas", disse, a partir do Vaticano.
- Um relatório encomendado pelo governo britânico e cujos autores não foram identificados por razões de segurança revelou que a Rússia está a desenvolver uma "guerra de desinformação" a partir de uma antiga fábrica de São Petersburgo, visando atingir líderes ocidentais e a retransmitir propaganda do Kremlin sobre a Ucrânia. Esta campanha de desinformação russa, alegadamente baseada na divulgação de mentiras nas redes sociais e em comentários de sites com grande audiência, será "projetada para manipular a opinião pública internacional sobre a guerra russa", pode ler-se. Leia mais aqui.
- O presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou o "papel fundamental" que o secretário-geral da ONU tem tido no acompanhamento humanitário na Ucrânia, considerando que António Guterres atuou "com prudência" e "bom senso" desde o início da guerra, tendo feito "diligências constantes" e esperado pelo momento em que podia ter sucesso para avançar.
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