Um cabeleireiro francês colocou em marcha a ideia de reutilizar os resíduos de cabelo destinados ao lixo, usando-os para limpar a "micropoluição" dos portos, através da sua capacidade de absorção.
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Na cidade francesa de Brignoles, estão armazenadas 40 toneladas de cabelo humano - mechas enviadas de 3300 salões de beleza franceses, alemães, belgas e luxemburgueses - que farão parte de um sistema inovador de reciclagem. Na sequência de um teste bem-sucedido no porto de Cavalaire-sur-Mer, o cabelo destina-se a servir de enchimento de meias de nylon, formando tubos flutuantes que revestirão os portos, para limpar das zonas portuárias a poluição provocada pelo petróleo.
"O cabelo é lipofílico, o que significa que absorve gorduras e hidrocarbonetos", explicou Thierry Gras, cabeleireiro em Saint-Zacharie, perto de Brignoles, e fundador do projeto "Coiffeurs Justes" (Cabeleireiros Justos), criado em 2015, perante a falta de um centro de reciclagem de resíduos de cabelo.
Limpar a "micropoluição"
Os tubos, explicou Gras, "podem ser usados no caso de um grave derramamento de óleo, como o ocorrido nas Ilhas Maurícias recentemente, mas a ideia aqui é remover a micropoluição de forma contínua" nos portos. Só um tubo é capaz de absorver petróleo oito vezes o seu peso, acrescentou o responsável, que planeia vender os produtos a nove euros cada.
Fios de cabelo também podem ser usados como fertilizante, material de isolamento e reforço de betão
Aguardando ainda por luz verde dos inspetores do trabalho e das autoridades antipoluição, Gras espera iniciar a produção em grande escala dos tubos antes do final do ano e, assim, ajudar a combater a poluição marítima.
Os sacos com cabelos agora armazenados em Brignoles serão depois enviados para um local próximo, onde desempregados e pessoas que abandonaram a escola serão pagos para fazer os tubos absorventes.
Pombos sem dedos por cabelo deitado ao lixo
De acordo com o cabeleireiro, cada profissional da área produz, em média, cerca de 29 quilos de resíduos de cabelo por ano, a maior parte do qual vai para o lixo.
No ano passado, os cientistas descobriram que cabelo humano descartado seria provavelmente o culpado por um estranho fenómeno que se verificava entre os pombos de Paris. Ao ficarem presas nas mechas descartadas, o fluxo sanguíneo das aves era interrompido e não chegava às extremidades, ficando estas com os dedos das patas mutilados.