Duas mulheres completaram, pela primeira vez na história militar dos EUA, o duro e exigente curso de Ranger americano.
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Uma destas duas mulheres vai entrar para o histórico 75.º Regimento de Rangers. Será a primeira a fazer parte de uma unidade de Forças Especiais norte-americanas.
A eleita é uma das duas que completaram, em dezembro, o exigente Programa de Avaliação e Seleção de Rangers (RASP2, na sigla original), um curso de 21 dias que avalia a capacidade dos candidatos às forças especiais em atuar em situações de combate.
Uma outra mulher completou o mesmo curso, mas com uma nota que não lhe é suficiente para poder usar a boina e o distintivo dos Rangers.
A identidade e o posto da primeira mulher a entrar para o 75.º Regimento de Rangers não são conhecidos. "A política de segurança em vigor não permite que seja revelada a identidade e a especialidade de nenhum dos nossos elementos", disse o porta-voz dos Rangers, citado pelo jornal "Army Times".
A primeira mulher a entrar numa unidade de forças especiais dos EUA saiu de um grupo de três que completaram o curso da Escola de Rangers, em 2015: a capitã Kristen Griest e a primeiro tenente Shaye Haver, em abril de 2015, e a major Lisa Jaster, cinco meses depois.
Na altura não era permitida a entrada a mulheres para o famoso 75.º Regimento de Rangers, uma companhia de combate de elite que tem um processo de seleção próprio. Para fazer parte deste regimento não bastava fazer o curso da Escola de Rangers, era preciso completar o RASP2.
Desde 2013, quando o Pentágono acabou com a proibição das mulheres servirem em unidades de combate, que os vários ramos das Forças Armadas dos EUA foram, lentamente, integrando mulheres. Em meados de 2015, as forças especiais admitiram que poderiam vir a aceitar militares do género feminino. Aconteceu agora.
E não terá sido uma surpresa para os colegas da Escola de Rangers, que completaram o curso com Shaye e Kristen, em 2015. "Nisto de género, quando se está no terreno não se nota a diferença", disse Anthony Rombold, citado pelo "The Guardian", na ocasião.
Outro colega, o atirador furtivo Michael Calderon, "disparou". "Estávamos demasiado cansados ou demasiado esfomeados para dar importância" às questões de género. "No final do dia, todos eram Rangers, mais nada interessava", acrescentou, em linha com o espírito essencial das colegas da Escola de Rangers.
"A camaradagem com os nossos colegas Rangers foi muito mais importante para nós do que vincar uma posição sobre as mulheres", disse Shaye Haver, quando foi reconhecida, ao lado de Kristen Griest, como uma das primeiras mulheres a completar o exigente curso, em 2015.
"Tem mais a ver com força de vontade e força mental do que capacidade física", explicava Shaye, em 2015. Piloto de helicópteros Apache, pretendia voltar à unidade a que pertence, enquanto Kristen, que fazia parte da Polícia Militar, dizia estar curiosa para saber se as forças especiais dos EUA abririam as portas às mulheres.
Curiosidade satisfeita. E são fortes as probabilidade de Kristen ser a primeira mulher a entrar para as forças especiais.
Estatisticamente, há 33% de probabilidades de esta mulher, natural de Orange, no Connecticut, ser a primeira a entrar para o 75.º Regimento dos Rangers, mas a curiosidade e o passado recente de Kristen indiciam que as chances reais podem ser bem superiores à matemática.
Em 2016, Kristen foi transferida da Polícia Militar para o treino da Brigada Aerotransportada de Rangers, ao ser deferido o pedido que havia feito a 25 de abril de 2015, assim que acabou a Escola de Rangers, juntamente com Shaye, a outra mulher, e mais 94 candidatos, homens.